OMS deverá reavaliar estratégias contra o zika
Na terça-feira a OMS poderá elevar o alerta internacional em relação ao vírus. É incomum a organização reconvocar a reunião de emergência apenas um mês depois do primeiro encontro
A Organização Mundial da Saúde (OMS) caminha para elevar o alerta internacional em relação ao zika vírus. Segundo Bruce Aylward, diretor-executivo do Departamento de Surtos da OMS, na terça-feira a entidade realizará uma nova reunião de emergência com os principais cientistas do mundo para reavaliar as estratégias para lidar com o surto.
A informação foi passada nesta segunda-feira (7) pelo diretor durante uma reunião apontando para a relação entre o vírus e a microcefalia. No dia 1º de fevereiro, a entidade declarou apenas a microcefalia como emergência internacional, alertando que ainda não existiam indícios claros da relação com o zika. Porém, para Aylward, agora o cenário “mudou”. “Se compararmos com a situação de um mês atrás, os dados apontam em uma direção. Desde então, muito aconteceu. Passamos de uma evidência muito fraca para uma evidência moderada de associação causal. Mas não podemos provar nada ainda”, afirmou.
Leia também:
Primeiro caso autóctone do vírus Zika é confirmado em São Paulo
Estudo comprova ligação entre zika e danos cerebrais no feto
O diretor aafirmou que não é comum a OMS reconvocar a reunião de emergência de especialistas apenas um mês depois do encontro inicial. Mas os novos estudos sobre o assunto e a proliferação de casos têm mudado a percepção da organização sobre o caso. Desde janeiro, 41 países relataram casos de zika. Também houve um aumento de três para nove no número de países onde é forte a relação entre o vírus a Síndrome de Guillain-Barré.
Outro fator que pesou na decisão de marcar uma nova reunião foi a visita de Aylward e de outros diretores da OMS ao Brasil. “Não há dúvida de que houve um aumento do número de casos de microcefalia no Brasil e são casos novos e distintos”, disse. Segundo ele, ao visitar Pernambuco, a organização também se deparou com uma situação em que mulheres “não possuem instrumentos para lidar com a situação. Precisamos de diagnósticos. Precisamos de vacinas”, disse.
Quanto ao combate ao mosquito Aedes aegypti, o diretor insistiu para a necessidade de um controle maior. “O Brasil tem o desafio da dengue e já entrou na guerra com o zika sabendo das dificuldades”, indicou.
(Com Estadão Conteúdo)