A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que convocou seu comitê de especialistas internacionais para uma reunião no próximo dia 22 para definir se o surto de mpox, zoonose viral que já foi conhecida como “varíola dos macacos” e monkeypox, vai continuar sendo uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC, na sigla em inglês). O mais alto nível de alerta para uma doença em circulação foi acionado pela segunda vez neste ano por causa da disseminação de uma nova cepa mais letal do vírus (leia mais abaixo).
Segundo o último balanço da entidade, com dados fechados em 3 de novembro, o mundo registrou 109.699 casos e 236 mortes por mpox em 123 países. O continente africano concentra a maior parte das notificações totalizando 11.148 casos confirmados, dos quais 3.119 foram apenas no período de 23 de setembro a 3 de novembro. A República Democrática do Congo, onde se concentram os casos da nova variante, totaliza 1.647 casos. No cálculo que inclui os episódios suspeitos, o número sobe para 10.875.
A OMS informou que o Reino Unido teve o primeiro caso de transmissão local que ocorreu de uma pessoa que viajou para o leste africano e transmitiu o vírus para três pessoas da família. Houve ainda uma infecção confirmada de um viajante na Irlanda do Norte.
A tendência é de que os casos continuem aumentando em países da África por causa dos episódios relatados na República Democrática do Congo, Burundi — que teve mais de 200 registros nas últimas duas semanas — e Uganda.
Ainda de acordo com a OMS, foi finalizada a primeira rodada de imunização contra a doença na República Democrática do Congo e 51.500 pessoas foram vacinadas.
Nova linhagem da mpox
A preocupação com a nova linhagem, o clado Ib que está em surto principalmente na República Democrática do Congo, tem relação com o fato de ela levar a quadros mais graves e ser mais letal. Enquanto a cepa anterior, o clado II, matava 1% dos acometidos, a nova versão chega a 10%.
Diante dessa constatação e da rápida disseminação da cepa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou em agosto desde ano o retorno da emergência global para a mpox.
Até o momento, foram confirmados casos da nova variante na República Democrática do Congo, Ruanda, Uganda, Quênia e Burundi. Suécia, Tailândia, Índia, Alemanha e Reino Unido tiveram episódios importados. A nova cepa não foi detectada no Brasil nem em outros países das Américas.
A emergência global pela doença, que causa erupções na pele e pode matar, foi declarada pela primeira vez em 2022 e encerrada em maio do ano passado, quando o surto foi contido e o vírus demonstrou que não estava levando a mudanças nos sintomas nem na gravidade dos casos.
Entenda a mpox
Descoberta em 1958, a mpox chegou a ser chamada de varíola dos macacos por ter sido observada pela primeira vez em primatas utilizados em pesquisa. Ela circula principalmente entre roedores, e humanos podem se infectar com o consumo da carne, contato com animais mortos ou ferimentos causados por eles.
Entre os sintomas, febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. A erupção cutânea começa geralmente no rosto e, depois, se espalha para outras partes do corpo, principalmente as mãos e os pés. A doença é endêmica em países da África central e ocidental, como República Democrática do Congo e Nigéria.
Análises preliminares sobre os primeiros casos do surto na Europa e na América do Norte que ocorreram em 2022 demonstraram que o vírus foi detectado por serviços de cuidados primários ou de saúde sexual e os principais pacientes eram homens que fazem sexo com homens. A OMS alertou que esta não é uma doença que afeta grupos específicos e que qualquer pessoa pode contraí-la se tiver contato próximo com alguém infectado. A doença levou a 99 000 casos e 200 mortes em 116 países entre maio de 2022 e junho deste ano.
No Brasil, foram registrados mais de 10 mil casos em 2022 e 853 casos no ano passado da variante antiga. Em 2024, até 25 de outubro, foram notificados 1.495 casos.