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O que mudou para as máscaras, que antes dividiam opiniões, se reabilitarem

Ela se converterem em item de primeira necessidade

Por Ernesto Neves Atualizado em 10 abr 2020, 06h00 - Publicado em 10 abr 2020, 06h00

Quando o novo coronavírus chegou com todo o ímpeto ao Ocidente, grandes especialistas vieram a público suplicar: “Parem de comprar máscaras”. Eles desfiavam várias teorias ao trilhar caminho oposto ao dos asiáticos, que não as tiram do rosto. Diziam que esse equipamento de proteção individual (EPI) poderia disseminar o pânico. Defendiam a tese de que dava apenas uma falsa sensação de proteção e que, com ele, as pessoas deixariam de se centrar em cuidados básicos, como a higiene constante das mãos e o confinamento. Outro temor era de que as máscaras acabariam por estimular as pessoas a levar as mãos à face, o que aumentaria o risco de contaminação justamente por onde o vírus se infiltra. Conclusão: as máscaras deveriam ser poupadas para infectados e médicos na linha de frente da batalha contra o vírus, já que não eram mesmo suficientes para todo mundo. Pois nos últimos dias, com a escalada da pandemia, houve uma reviravolta: países europeus, Estados Unidos e Brasil passaram a recomendar fortemente à população o uso delas, diretriz enfatizada pela antes refratária Organização Mundial da Saúde. E deu-se uma corrida insana, com doses de truculência, em direção aos estoques da China, o produtor número 1 do EPI no planeta.

Cabe indagar o que mudou no cenário para a máscara se reabilitar até se converter em item de primeira necessidade. Um dos porta-vozes da mudança foi o infectologista Anthony Fauci, conselheiro do presidente Donald Trump, que, com os dados da Covid-19 na mesa, alertou: até 50% dos casos são assintomáticos e outras vezes os sinais da doença só aparecem uns cinco dias depois de ela ter se instalado. Ou seja, se a máscara fosse usada apenas por quem tivesse febre ou tosse, como se queria antes, um monte de gente infectaria o próximo sem ter noção do que estava fazendo. O fato de os ocidentais se recusarem a adotá-la como política pública intrigava os asiáticos, que tiveram uma bela lição de sua efetividade durante a eclosão da Sars, doença respiratória causada também por um coronavírus, em 2003. Segundo uma vasta pesquisa, o uso frequente do EPI fez despencar em 70% os riscos de contaminação.

É verdade que as máscaras profissionais, conhecidas como N95, estão escassas no mercado e devem ser reservadas ao pessoal da saúde, exposto diariamente a ambientes altamente contaminados. Elas têm capacidade para filtrar 95% das microscópicas partículas suspensas no ar. Muitos estudos mostram, porém, que as gotículas expelidas em um espirro podem ser facilmente represadas. De acordo com o Ministério da Saúde, tecidos de camisa, de calça e até de cortina podem desempenhar com eficiência o papel de barreira física, desde que a máscara feita em casa com esse material leve duas camadas de pano. Recomenda-se ter um estoque de três ou quatro na gaveta, de modo que se possa lavá-las com regularidade. “Certamente elas evitam que a pessoa doente contamine as outras e também servem de proteção à própria pessoa, embora ainda precisemos investigar mais fundo para saber quanto funcionam nessa tarefa de blindagem”, explica o infectologista Rivaldo Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Qualquer obstáculo à disseminação do coronavírus é bem-vindo nesta hora.

Publicado em VEJA de 15 de abril de 2020, edição nº 2682

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