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O mapa das seniortechs, as startups voltadas ao público 60+

Primeiro levantamento nacional de um setor em crescimento elenca as iniciativas que já colhem frutos em áreas como saúde, mobilidade e mercado de trabalho

Por Diogo Sponchiato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 out 2023, 10h54 - Publicado em 2 out 2023, 10h50

Se o “novo sempre vem”, como diz a canção, os mais velhos também querem desfrutar dele. Como nossos pais e avós deixam cada vez mais evidente, a demanda por tecnologias e serviços que facilitem a vida de quem já passou dos 60 anos e ajudem a inseri-los no mundo digital é uma realidade.

E é essa realidade que vem sendo abraçada pelas seniortechs, as startups voltadas ao público mais maduro que, além de atender necessidades mais comuns com o avançar da idade, estimulam a chamada economia prateada, aquela em que o idoso assume maior protagonismo no mercado e na sociedade.

“Seniortechs são inovações digitais escaláveis e inclusivas voltadas à população acima de 60 anos que se concentram em áreas como saúde, mobilidade, cuidado, lazer, aprendizado, finanças, relacionamentos sociais e paliação”, explica o médico Egidio Dórea, professor da USP e diretor da Ativen, consultoria pioneira no setor no Brasil.

Ao lado do InovaHC (o centro de inovação do Hospital das Clínicas de São Paulo) e da organização internacional Aging 2.0, a Ativen acaba de apresentar o primeiro mapeamento nacional de startups do segmento na Longevidade Expo+Forum 2023.

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“A seleção das seniortechs teve como base os oito pilares dos desafios do envelhecimento elaborados pela Aging 2.0, que adaptamos para melhor refletir as iniciativas que hoje florescem no país e são voltadas às necessidades dos brasileiros”, conta Sergio Werther Duque Estrada, CEO da Ativen e embaixador da Aging 2.0.

Esses pilares abrangem:

  1. Engajamento e propósito;
  2. Bem-estar financeiro;
  3. Mobilidade e movimento;
  4. Vida diária e estilo de vida;
  5. Coordenação do cuidado;
  6. Cuidadores;
  7. Saúde mental;
  8. Fim da vida.

Com base neles, as startups classificadas e selecionadas para integrar o mapa contemplam uma porção de áreas prioritárias para melhorar a qualidade e a expectativa de vida dos idosos, como aprendizado contínuo, (re)inserção no mercado de trabalho, gerenciamento da saúde física e mental e do uso de medicamentos, moradia, deslocamento, lazer, moda e beleza, administração de cuidados e paliação e finitude.

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“Além de o trabalho dar maior visibilidade às inovações do mercado sênior, está nos nossos planos criar, em 2024, um programa de aceleração dedicado ao segmento, com a participação de outras instituições”, diz Duque Estrada.

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Exemplos de sucesso

No levantamento nacional, dividido por categorias, aparecem startups com atuações diversas. Uma delas, destaque em saúde mental, é a Insgame, que desenvolve jogos digitais para a melhora da cognição com a participação dos próprios 60+. Ela ganhou projeção com seu Programa Cérebro Ativo, que passa inclusive por estudos como forma de ajudar a retardar e combater a doença de Alzheimer.

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Na categoria “aprendizado”, uma das expoentes é a #60+Tech, que empodera os cidadãos mais velhos com letramento digital e cursos práticos a fim de que o público que não é nativo no mundo da internet possa romper o isolamento. Já no campo “trabalho”, uma das soluções em evidência foi a Labora Tech, que promove a inclusão de idosos no mercado através de oportunidades que estimulam o contato entre gerações.

No departamento da saúde física, a Techbalance aparece com um programa de prevenção de quedas montado a partir de inteligência artificial. No quesito “moradia”, destaque para a Trevvoo, plataforma que auxilia famílias a encontrar instituições de longa permanência (ILPIs) ideais ao perfil de seu ente querido. E, no tópico “coordenação de cuidado”, merece menção a LonVi, startup que promove gestão de homecare e é uma agência remota que conecta e acompanha cuidadores.

Em comum, todas essas e as demais seniortechs mapeadas buscam atender, por meio da tecnologia, desejos e necessidades de uma sociedade que envelhece e cuja fatia 60+ está cada vez mais ativa e produtiva, sem, no entanto, estar livre de comprometimentos (não só físicos) mais corriqueiros com a idade.

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Por que o movimento é relevante

A ascensão das seniortechs reflete um momento de maior preocupação, nos âmbitos individual e coletivo, com a questão da longevidade e seus complexos desafios.

“O aumento da expectativa de vida foi uma grande conquista social e científica dos dois últimos séculos. Entretanto, pesquisas mostram que isso não foi acompanhado de um aumento na expectativa de vida saudável, ou seja, passamos a viver mais, mas com algum grau de incapacidade”, reflete Dórea, que também coordena o programa Universidade Aberta para a Terceira Idade da USP.

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Nesse sentido, o médico defende que tanto políticas públicas como iniciativas privadas devem mirar, entre seus objetivos, uma sensibilização e capacitação para que a população tenha acesso a um capital de saúde (acesso à assistência e adoção de hábitos equilibrados), capital social (manutenção de vínculos e atividades dentro e fora de casa), capital financeiro (gestão de recursos para viabilizar um suporte adequado à velhice) e capital de aprendizado (com a chance de continuar estudando, se atualizando e trabalhando a despeito da idade).

“É fundamental que o idoso tenha propósitos e participe da disseminação de conhecimento e de práticas intergeracionais”, afirma o professor.

E é de encontro a esses preceitos que despontam as tais seniortechs. “Elas fazem parte de um contexto mais amplo, o da economia prateada”, reforça Duque Estrada.

Sim, com o apoio de novas tecnologias, os “velhos” pedem passagem – e não vão sair de cena tão cedo.

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