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Nova técnica aposenta agulha e linha nas microcirurgias

Pesquisadores usam gel e bioadesivo para colar vasos sanguíneos feridos

Por Da Redação
29 ago 2011, 18h27

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Stanford desenvolveu um método para unir vasos sanguíneos que não requer linha ou agulha, apenas um gel especial e um bioadesivo. A técnica promete ser mais segura e rápida que os procedimentos tradicionais. A equipe liderada pelo microcirurgião Geoffrey Gurtner publicou os resultados no periódico Nature Medicine.

A técnica para reconectar vasos sanguíneos permanece inalterada há 100 anos, quando o cirurgião frânces Alexis Carrel ganhou o Nobel por ter aperfeiçoado o procedimento. São os ‘pontos’ cirúrgicos, também conhecidos por suturas. Usa-se uma agulha e uma linha para costurar as bordas de um ferimento.

O ponto cirúrgico passa a ser um problema para os médicos quando é preciso tratar vasos sanguíneos com menos de um milímetro de espessura. Gurtner começou a pensar em alternativas às suturas há 9 anos. “Em 2002, tive que operar um bebê que teve o dedo amputado”, disse o médico. “Foi difícil unir a ponta do dedo novamente porque os vasos sanguíneos eram minúsculos, com meio milímetro de espessura. A cirurgia durou cinco horas e só conseguimos dar ponto em três vasos”, explicou.

Os pontos também causam outras complicações, como a hiperplasia intimal, em que células proliferam na parede interna do vaso em resposta ao trauma. Isso pode diminuir a área útil da estrutura, dificultando a passagem do sangue, o que pode levar à coagulação sanguínea. Além disso, as suturas podem causar inflamações, que também dificultam o fluxo do sangue.

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Glossário

  1. Hiperplasia intimal- É o engrossamento das artérias causado pela sutura.

Solução – Gurtner primeiro imaginou que poderia usar gelo para manter os vasos separados e abertos tempo suficiente para serem colados. Como a região no corpo do paciente teria que ser resfriada a zero grau Celsius, o método se mostrou inviável. Em 2005, o pesquisador descobriu uma substância chamada Poloxamer 407. Trata-se de um polímero termorreversível, cujas propriedades podem ser revertidas pelo calor.

Gurtner tinha em mãos algo que poderia assumir características sólidas ou elásticas facilmente, além de não causar reações alérgicas no corpo humano. O Poloxamer 407 alterado pela equipe de Gurtner fica sólido quando aquecido pouco acima da temperatura do corpo e dissolve na corrente sanguínea quando resfriado.

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Os cientistas utilizaram uma lâmpada incandescente simples para aquecer o gel. Em testes com animais, a técnica foi cinco vezes mais rápida que o ponto cirúrgico convencional. Além disso, resultou em menos inflamação e cicatrização depois de dois anos. O método funcionou em vasos extremamente finos, com apenas 0,2 milímetro de espessura, delicados demais para suturas. Para colar as estruturas, os médicos usaram Dermabond, um selante cirúrgico.

Futuro – De acordo com os autores, embora outros métodos sem ‘costura’ já terem sido desenvolvidos, eles não resolvem os principais problemas. “O uso de microclipes, grampos ou imãs são traumáticos para os vasos, e os resultados são piores ou comparáveis aos pontos cirúrgicos”, escreveram.

Para que a técnica chegue à mesa de cirurgia, a equipe terá que realizar mais testes em animais maiores. A vantagem, contudo, é que todos os compostos utilizados no experimento já foram aprovados previamente pelo FDA, órgão americano de regulamentação de medicamentos.

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