Um estudo feito por pediatras nos Estados Unidos concluiu que mais de 10 milhões de prescrições de antibióticos dadas todos os anos para crianças são desnecessárias. A maioria dessas receitas é destinada a pessoas com problemas como gripe e asma. A pesquisa, feita pela Universidade de Utah, em Salt Lake City, e publicada no periódico Pediatrics, concluiu que esse quadro contribui para uma perigosa ampliação resistência a remédios.
O levantamento analisou quase 65 mil consultas ambulatoriais de pessoas com menos de 18 anos durante o ano de 2008. No total, os médicos prescreveram antibióticos em uma em cada cinco visitas, sendo que a maioria foi para crianças com doenças respiratórias, como sinusite e pneumonia.
Segundo o estudo, algumas dessas infecções apresentadas nas consultas foram causadas por bactérias, justificando a necessidade de antibióticos. Entretanto, quase um quarto de todas as prescrições desses medicamentos foi dado a pessoas com condições respiratórias que, provavelmente ou definitivamente, não precisavam de antibióticos, como por exemplo bronquite, gripe, asma e alergias.
A pesquisa concluiu que mais de 10 milhões de prescrições de antibióticos a cada ano, portanto, não fazem nenhum bem e ainda podem causar prejuízos. Os pesquisadores explicam que muitas vezes o antibiótico é feito para matar uma grande variedade de bactéria, e acaba eliminando as boas bactérias que nosso corpo precisa. Isso, segundo eles, aumenta o risco de outras infecções e de desenvolver resistência à medicação.
“Uma das razões desse excesso é que, muitas vezes, o diagnóstico é impreciso. É comum, por exemplo, em infecções de ouvido. Os médicos acabam prescrevendo antibióticos apenas para se sentirem seguros, embora o diagnóstico não esteja certo “, diz o principal autor do estudo, Adam Hersh, da Universidade de Utah, em Salt Lake City.
Segundo Hersg, o excesso de prescrições desnecessárias pode ser evitado com medidas simples. Uma delas é examinar a criança, esperar alguns dias e depois levá-la novamente a uma consulta e confirmar, ou não, a necessidade do antibiótico. “Se o diagnóstico ainda é incerto, pergunte ao médico se seria seguro aguardar um ou dois dias antes de dar o remédio à criança”, acrescentou.
(Com agência Reuters)