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Maioria dos antidepressivos é ineficaz em crianças e adolescentes

Um novo estudo mostrou que os medicamentos podem ser até perigosos para esse grupo. Apenas a fluoxetina teve sua eficácia comprovada

Por Da redação
Atualizado em 9 jun 2016, 18h15 - Publicado em 9 jun 2016, 15h19

A maioria dos antidepressivos é ineficaz em crianças e adolescentes com depressão grave. Em alguns casos, o medicamento pode até ser perigoso. É o que sugere um estudo publicado nesta quinta-feira no periódico científico The Lancet. Segundo os achados, a fluoxetina – comercializada como Prozac -, foi o único que se mostrou mais eficaz do que um placebo para tratar os sintomas da doença neste grupo.

“Os antidepressivos não parecem oferecer um benefício claro nas crianças e nos adolescentes. A fluoxetina é, provavelmente, a melhor opção quando o tratamento medicamentoso é indicado”, concluem os autores do estudo.

Para chegar a este resultado, um grupo internacional de pesquisadores analisou 34 estudos clínicos realizados com mais de 5.000 crianças e adolescentes, com idades entre 9 e 18 anos, envolvendo 14 antidepressivos. Os resultados mostraram que além de ser a única opção eficaz, a fluoxetina também é mais bem tolerada do que os demais antidepressivos.

No sentido contrário, a nortriptilina foi considerada a menos eficaz entre os antidepressivos estudados, e a imipramina, foi a menos tolerada. Já a venlafaxina está associada a um risco crescente de pensamentos suicidas.

Apesar dos resultados, os pesquisadores reconhecem que a verdadeira eficácia e os riscos de efeitos colaterais graves desses medicamentos continuam no campo do desconhecido, devido à fragilidade dos testes clínicos existentes. As farmacêuticas financiaram 65% dos estudos disponíveis e apenas quatro deles tiveram resultados considerados “pouco tendenciosos” pelos cientistas.

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Nos estudos disponíveis, por exemplo, os pensamentos e comportamentos suicidas ligados à paroxetina atingem apenas 3% dos pacientes. Entretanto, em um comentário agregado ao estudo, o pesquisador australiano Jon Jureidini destacou que, em uma nova análise de dados, esse número chegou a 10%.

Diante disso, a recomendação dos autores é que crianças e jovens que tomam antidepressivos tenham um acompanhamento rigoroso, principalmente no início do tratamento, independentemente de qual medicamento eles estejam tomando.

Segundo estimativas citadas pelo estudo, 2,8% das crianças entre 6 e 12 anos e 5,6% dos adolescentes sofrem de problemas depressivos graves nos países desenvolvidos. Esse número pode estar subestimado, levando-se em conta a dificuldade de diagnosticar a patologia. Eles lembram também que, neste grupo, os sintomas da doença são diferentes dos observados nos adultos e incluem, em especial, irritabilidade, não querer ir à escola, ou comportamento agressivo.

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Em relação aos antidepressivos – que também podem causar, além das ideias suicidas, dor de cabeça, náusea e insônia -, sua prescrição continua a aumentar, ainda que a maioria das diretrizes internacionais recomende que o tratamento da depressão comece com uma abordagem não medicamentosa e que o uso de remédios seja reservado às depressões mais graves, após o fracasso das psicoterapias.

Vários especialistas comemoraram os resultados do estudo, que fortalecem as recomendações de países como a França e Grã-Bretanha no que diz respeito à prescrição de antidepressivos às crianças e aos adolescentes. O primeiro tratamento para a doença em ambos os grupos deve continuar sendo “a abordagem psicológica, ou relacional, que é mais eficaz no longo prazo”, disse o vice-presidente da Sociedade Francesa de Psiquiatria da Criança e do Adolescente, Daniel Marcelli, que participou da elaboração das recomendações francesas.

“Estamos de acordo com as conclusões dos autores, que consideram que os antidepressivos devem ser utilizados de forma sensata e acompanhados de perto”, declarou a psiquiatra britânica, Bernadka Dubicka.

(Com AFP)

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