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Imagens marcantes podem alterar a nossa percepção de tempo, diz estudo

Lembrança de cenas estaria ligada à rapidez de processamento do cérebro, que dedica mais recursos cognitivos diante de imagens memoráveis ou significativas

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 Maio 2024, 18h16

Determinadas imagens podem alterar nossa percepção de tempo. Além disso, o período que alguém pensa ter passado olhando para a captura de uma cena influencia sua lembrança dela. Essa foi a conclusão de pesquisadores da Universidade George Mason, nos Estados Unidos, que resolveram investigar como o cérebro processa a duração de imagens memoráveis.

Em uma série de experimentos, os cientistas pediram a 170 pessoas para visualizar várias cenas que piscavam em uma tela por diferentes intervalos de menos de um segundo. Após a visualização, os participantes tinham que pressionar um botão para indicar se achavam que a visualização tinha sido por pouco ou muito tempo.

Os pesquisadores descobriram que fotos maiores e imagens mais memoráveis enganavam o cérebro, fazendo-o pensar que tinha visto as imagens por mais tempo do que realmente as viu, enquanto imagens desorganizadas e confusas faziam o tempo parecer menor. Os resultados do estudo foram publicados no periódico científico Nature Human Behaviour.

A estratégia utilizada pelo nosso cérebro 

Pesquisas anteriores já sugeriam que a forma como as imagens influenciam a percepção do tempo pode estar relacionada à nossa atenção. Dessa forma, imagens maiores, mais audaciosas e mais chamativas, supostamente, têm o efeito de estender o tempo, atraindo nossa atenção. No entanto, essas mesmas características poderiam distrair a parte do nosso cérebro que acompanha o tempo, fazendo com que ele pareça passar mais rápido. O conteúdo das imagens, não apenas sua complexidade, também pode ressoar mais com algumas pessoas do que com outras. Assim, surge o questionamento: essas imagens duram mais porque são mais memoráveis ou são mais memoráveis porque duram mais?

Os autores concluíram que as imagens avaliadas como memoráveis foram percebidas como tendo sido vistas por mais tempo, e esse efeito foi consistente de teste para teste, enquanto imagens consideradas duradouras também foram lembradas melhor. Isto porque, possivelmente, os efeitos de ampliação do tempo de imagens memoráveis podem ajudar o sistema visual a analisar informações, para superar dificuldades no processamento da imagem.

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A ideia aqui é que, quando o cérebro percebe uma imagem como altamente memorável ou significativa, pode dedicar mais recursos cognitivos para processá-la. Essa alocação adicional de recursos cognitivos pode levar a uma sensação subjetiva de que o tempo está passando mais devagar, permitindo que o cérebro processe com mais detalhes e eficácia as informações visuais apresentadas na imagem.

Da mesma forma, quando uma imagem é menos cativante, o cérebro pode não dedicar tantos recursos cognitivos para processá-la. Como resultado, pode parecer que o tempo está passando mais rápido porque não estamos tão envolvidos na observação da imagem. Ou seja, para os cientistas o tempo parece ser prolongado ou acelerado para aumentar a quantidade de informações que podem ser processadas em qualquer instância.

São necessários mais estudos 

Os autores descobriram que imagens mais memoráveis são processadas mais rapidamente e que esse aumento na velocidade de processamento prediz tanto o prolongamento quanto a precisão aumentada das durações percebidas de tempo. Todavia, o que torna uma imagem memorável pode ser muito pessoal. Outros estudos mostram que imagens que achamos emocionais podem distorcer o tempo, o que faz sentido porque as partes do cérebro que processam o tempo também regulam as emoções.

Portanto, há muito mais a entender sobre como nosso cérebro percebe o tempo e como isso varia de pessoa para pessoa. Mesmo assim, os resultados deixam um aprendizado: nosso corpo pode acompanhar o ritmo de seu relógio biológico, mas a percepção do tempo pelo cérebro está longe de ser estável.

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