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Hemodiafiltração: tratamento para insuficiência renal reduz risco de morte

Pesquisa englobou 1.360 pacientes em 61 centros em oito países europeus, acompanhados por uma média de 30 meses

Por Diego Alejandro
15 ago 2023, 12h41

A técnica mais conhecida para filtrar o sangue de pessoas com doença renal crônica é a hemodiálise, utilizada em 80% dos pacientes no mundo até o final de 2021. Por meio de um cateter colocado no braço, essa terapia consiste em levar o sangue do paciente até uma máquina, onde ele é filtrado, procedimento que substitui o trabalho dos rins. Cada sessão de leva de três a quatro horas e o tratamento é repetido, em média, três vezes por semana.

Porém, outro método mais moderno, nascido no início dos anos 2000, promete ser mais eficaz e trazer mais qualidade de vida. Trata-se da hemodiafiltração de alto volume, tratamento de diálise que reduz o risco de morte em 23%, segundo um novo estudo europeu publicado no The New England Journal of Medicine.

No aparelho convencional (dialisador), o filtro utilizado tende a captar toxinas de maior porte. Já as menores passam e voltam para o sangue. A hemodiafiltração de alto volume, por sua vez, recorre a uma máquina capaz de tirar até essas impurezas menores da circulação, utilizando a diferença de pressão, além da difusão. Para isso, o equipamento precisa ser mais potente e retirar mais líquido do corpo de uma só vez.

Normalmente, o corpo não aguentaria a saída de tanto sangue, mesmo que de forma temporária. Mas, nessa técnica mais moderna, a máquina vai infundindo água ultrapura durante o procedimento.

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Outro benefício comum entre os pacientes é a melhora do bem-estar. “No começo, durante as sessões de diálise convencional, costumava experimentar um fenômeno perturbador conhecido como ‘efeito rebote’. Após cada sessão, saía da máquina e me via limitado a deitar e descansar. Esse cansaço extremo havia se tornado uma rotina desanimadora que persistia por horas, praticamente consumindo meu dia”, relata Artur Firmino da Silva Neto, empresário de 38 anos, dos quais 16 foram passados em hemodiálise, sendo oito em hemodiálise convencional e oito em hemodiafiltração. “Já na primeira sessão de hemodiafiltração, pude perceber algo incrível: o ‘efeito rebote’ não existia. Saí muito bem da sessão, sem aquela sensação de cansaço extremo. Parecia que apenas o tempo tinha passado. Pude retomar minha vida à normalidade, trabalhar, viajar, ir para academia. Até fazer uma nova faculdade se tornou possível.”

E os impactos positivos não pararam por aí. “Outra vantagem é que se abriram portas para uma alimentação mais saudável e equilibrada. É notável como a qualidade da minha vida melhorou substancialmente. Ademais, é gratificante compartilhar que, desde a transição para a hemodiafiltração, minha saúde se manteve estável. Não enfrentei mais nenhuma complicação que exigisse hospitalização.”

A investigação considerou dados de um total de 1.360 pacientes em 61 centros em oito países europeus, acompanhados por uma média de 30 meses. Destes, 683 pacientes receberam hemodiafiltração de alto volume e 677 receberam hemodiálise de alto fluxo três vezes por semana.

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“A princípio, qualquer paciente com doença renal crônica avançada, ou seja, em situação de falência renal com indicação de hemodiálise, poderia ser tratado pela hemodiafiltração”, afirma Jorge Paulo Strogoff, nefrologista, professor e pesquisador da UFF. “Muitos centros de diálise em vários países têm 100% dos pacientes tratados por hemodiafiltração. Mais de 100 mil pacientes já estão sendo tratados assim na Europa. No Japão, é a forma de diálise que mais cresceu na última década.” 

Os dados disponíveis indicam que o benefício da hemodiafiltração depende da dose de tratamento. Estudos anteriores foram inconclusivos quanto ao benefício da hemodiafiltração em altas doses.  

“Este tratamento de diálise tem a mesma frequência e duração que a hemodiálise, ou seja, quatro a cinco horas três vezes por semana”, explica Peter Blankestijn, nefrologista e autor do estudo. “Portanto, é fácil de aplicar na prática. Os resultados do nosso estudo são um passo importante no tratamento de pacientes com insuficiência renal. Espera-se que a hemodiafiltração seja usada muito mais extensivamente em todo o mundo a partir de agora. Talvez substitua a hemodiálise como padrão.”

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Mas, claro, existe a questão financeira. O tratamento com hemodiafiltração sai mais caro em um primeiro momento e não está disponível na rede pública. O preço da manutenção das instalações necessárias para realizá-la é alto — tanto que a maioria das clínicas privadas ainda não oferecem o serviço -. Só que, como a pessoa teria menos complicações com essa técnica, o gasto futuro com internações seria menor. E essa conta precisa ser feita em todas as esferas.

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