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Glúten free: produtos têm mais calorias e aditivos químicos

Para especialistas, os produtos sem a proteína devem ser consumidos apenas por pessoas que têm intolerância a ela

Por Da Redação
Atualizado em 20 jul 2018, 16h36 - Publicado em 20 jul 2018, 15h55
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  • Se você acha que alimentos sem glúten são mais saudáveis, há uma grande chance de você estar enganado. Alimentos industrializados rotulados como ‘sem glúten’ têm mais gordura saturada, açúcar e sal do que os produtos que contêm glúten, além de ter um baixo teor de fibra e proteína.

    Pesquisadores da Universidade de Hertfordshire analisaram a informação nutricional e os custos de mais de 1.700 produtos alimentares por meio da coleta de dados de sites de fabricantes e supermercados do Reino Unido. Além de concluírem que esses produtos não são mais saudáveis do que aqueles que contêm glúten, os pesquisadores descobriram que alimentos glúten-free custam cerca de 159% mais do que os regulares.

    Recentemente, a equipe da revista francesa 60 Milhões de Consumidores analisou a composição de vários produtos sem glúten na França, comparando-os às suas versões convencionais, segundo informações da Rádio Francesa Internacional (RFI). A análise concluiu que boa parte dos alimentos industrializados sem glúten contém mais gordura, açúcar, sal, aditivos químicos e são mais calóricos do que os produtos tradicionais.

    ‘Glúten free é para quem precisa’

    De acordo com o levantamento, realizado pela área de Inteligência e Pesquisa de Mercado da Editora Abril a pedido da Nestlé, 19% dos entrevistados fazem restrição parcial ou total do consumo de glúten, proteína presente em cereais como trigo, centeio e cevada. No entanto, apenas 4% das pessoas que evitam a substância têm doença celíaca, cujo tratamento depende diretamente da retirada do glúten da dieta. Já outros 30% disseram ter cortado o item simplesmente porque querem emagrecer.

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    Alimentos com glúten são a principal fonte de carboidrato e, portanto, o que dá energia ao corpo. Em longo prazo, além de ser difícil manter a restrição, a prática pode trazer riscos à saúde.

    O glúten tem algumas particularidades que o desfavorecem. Ele está presente em diversos alimentos ricos em carboidratos e com alto índice glicêmico (que elevam a taxa de açúcar no sangue), como pizza e biscoitos, que podem engordar e aumentar o risco de diabetes. Essas consequências, porém, não são desencadeadas pelo glúten em si, e sim pelo açúcar do carboidrato. Logo, não adianta eliminar essa proteína da dieta e continuar consumindo comidas como arroz branco e batata.

    O glúten pode ser prejudicial ao organismo – mas, comprovadamente, apenas entre aqueles que sofrem de doença celíaca, que afeta uma em cada 200 pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia. Quando um celíaco consome glúten, seu sistema imunológico reconhece a proteína como um inimigo e reage contra ela. Esse ataque atinge o intestino delgado e prejudica a absorção de nutrientes.

    Há, ainda, pessoas que não sofrem de doença celíaca, mas que têm intolerância ao glúten. Elas passam mal quando consomem a proteína (diarreia e gases são sintomas comuns), mas não têm o intestino danificado e não sofrem de uma doença crônica. Esse quadro pode aparecer em qualquer um e em qualquer fase da vida, mas ainda não está claro o motivo pelo qual isso acontece.

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    Para o restante da humanidade, ainda não se provou que comer um prato de macarrão prejudique a saúde. Em entrevista à Rádio Francesa Internacional, a nutricionista Magda Santos afirmou que as pessoas que querem ter uma alimentação saudável devem priorizar ingredientes naturais no preparo das refeições. “Adaptar e equilibrar a alimentação é muito mais eficaz do que qualquer dieta da moda”, comentou.

    Ela ainda ressalta que essa a ideia de alimentos sem glúten serem mais saudáveis foi plantada pela indústria agro-alimentar, que encontrou um nicho de mercado rentável. Para aprimorar o produto e atrair novos consumidores, as empresas passaram a alterar a composição dos ps com o intuito de melhorar a textura e elasticidade dos alimentos.

    “Aprender a comer com responsabilidade e sem radicalismo é a chave do sucesso. Mais importante que as calorias, é o equilíbrio entre os ingredientes e ter bons ingredientes.”, diz Bianca Naves, nutricionista da Nutrioffice e membro da comissão de comunicação do Conselho Regional de Nutricionistas 3ª Região do Estado de São Paulo (CRN-3).

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    De acordo com a nutricionista, durante o congresso da Sociedade de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica, que aconteceu na Ucrânia, no ano passado, foi apresentado um estudo sobre alimentos industrializados sem glúten. A pesquisa comparou 1.300 produtos sem essa proteína e seus equivalentes convencionais, concluindo que os produtos sem glúten têm realmente mais gordura saturada, açúcar e baixo teor proteico.

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