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EUA voltam atrás e desautorizam tratamento contra a Covid-19. Saiba qual

FDA rescindiu a autorização de anticorpos monoclonais, o que pode ser um problema para imunodeprimidos com alto risco de desenvolver doença grave

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 dez 2022, 12h41 - Publicado em 3 dez 2022, 12h34

Não há mais tratamentos de anticorpos monoclonais para Covid-19 disponíveis nos Estados Unidos. Isso porque a Food and Drug Administration (FDA) rescindiu a autorização do bebtelovimabe, um medicamento anteriormente administrado a pacientes com alto risco de doença grave.

Nos últimos dois anos, a agência reguladora norte-americana aprovou seis tratamentos com anticorpos monoclonais para a Covid-19, mas as muitas subvariantes da ômicron tornaram os medicamentos menos eficazes, o que fez a FDA revogar gradualmente cada uma dessas autorizações, até chegar no último, o bebtelovimab, produzido pela Eli Lilly.

De acordo com o anúncio da FDA, “não se esperava que a droga neutralizasse as subvariantes da ômicron BQ.1 e BQ.1.1”. “O grande problema é que os anticorpos monoclonais se ligam a uma parte muito pequena do vírus. À medida que muda, passam a não se ligar mais ao vírus”, disse Arturo Casadevall, professor de medicina na Escola de Madicina Johns Hopkins.

O antiviral Paxlovid, produzido pela Pfizer, tornou-se um dos principais tratamentos para a maioria das pessoas com alto risco de desenvolver doença grave, uma vez que continua a ser eficaz diante de novas variantes e é fácil de administrar – uma série de três comprimidos, tomados duas vezes ao dia, durante cinco dias. O bebtelovimab, por outro lado, era uma infusão IV – aplicado por agulha em vias de acesso como a endovenosa (direto na veia) e a subcutânea (no tecido abaixo da pele), que levava cerca de uma hora.

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Os médicos geralmente recomendam o anticorpo monoclonal para pessoas que tomam certos medicamentos imunossupressores, como pacientes com câncer ou receptores de transplantes, já que o Paxlovid pode interagir negativamente com vários desses fármacos. Ou seja, a revogação da autorização da FDA cria um problema para esses pacientes, que terão menos opções de tratamentos. “Ainda há segmentos da população que provavelmente têm muito pouca proteção”, disse Rodney Rohde, presidente do Programa de Ciências de Laboratórios Clínicos da Texas State University à NBC.

Uma pesquisa do especialista em doenças infecciosas da Mayo Clinic, em Minnesota, Raymund Razonable, mostra que o bebtelovimab era tão eficaz quanto o Paxlovid na prevenção de doenças graves entre pacientes de Covid com alto risco, quando a subvariante da ômicron, BA.2, era dominante nos EUA. Mas o hospital mudou para o Paxlovid como tratamento primário, quando novas subvariantes começaram a se espalhar. “Quando a FDA revogou a autorização do tratamento, a Mayo Clinic já havia parado de administrá-lo pois os médicos presumiram que não era mais eficaz contra BQ.1 e BQ.1.1”, disse. Razonable afirmou ainda que os pacientes com alto risco de Covid grave, mas que não podem tomar Paxlovid, recebem agora o antiviral Remdesivir, da Gilead Sciences.

Outra opção para imunocomprometidos é o plasma convalescente, derivado do sangue doado por pessoas que já se recuperaram da Covid-19. Casadevall disse que é uma alternativa eficaz aos anticorpos monoclonais, mas é mais complicado de administrar e supervisionar. “Tem milhares de anticorpos diferentes, então o plasma convalescente tem muita amplitude que não é encontrada nos monoclonais”, disse ele.

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No entanto, as empresas farmacêuticas não desistiram de pesquisar novos medicamentos de anticorpos monoclonais. “Continuamos firmes em nossa crença de que eles têm um papel crítico na luta atual contra a Covid-19, particularmente em indivíduos de alto risco”, declarou um porta-voz da Vir Biotechnology, empresa por trás de um anticorpo monoclonal chamado sotrovimab, que foi anteriormente autorizado pela FDA.

Em nota, a Eli Lilly disse que a empresa está procurando e avaliando candidatos a anticorpos monoclonais. A AstraZeneca, por sua vez, está desenvolvendo um novo coquetel de anticorpos que espera disponibilizar até o final do ano que vem. A FDA havia autorizado o medicamento de anticorpo monoclonal da AstraZeneca, Evusheld, em dezembro de 2021, não como um tratamento para Covid-19, mas como uma forma de prevenir a infecção em pessoas imunocomprometidas que podem não desenvolver uma resposta forte às vacinas. Mas em outubro, a agência reguladora anunciou que o Evusheld pode não ser eficaz contra variantes circulantes.

Casadevall afirmou ainda que vale a pena buscar novos medicamentos de anticorpos monoclonais, uma vez que se mostraram seguros e eficazes contra a Covid-19. “Eu não desistiria de algo assim. Acho que é possível encontrar anticorpos que serão ativos com as outras variantes”, finalizou.

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