O estado de São Paulo decretou estado de emergência por epidemia de dengue na manhã desta terça-feira, 5. A decisão foi anunciada durante reunião do Centro de Operações de Emergências (COE), encabeçado pela Secretaria de Estado da Saúde e que envolve outras sete secretarias estaduais que monitoram a proliferação do vírus transmitido pelo Aedes Aegypti.
De acordo com o painel de monitoramento da gestão estadual para arboviroses, com dados até 4 de março, São Paulo soma 355.518 casos, entre confirmados e prováveis, e investiga 79.000. Foram registrados 31 óbitos e 122 mortes estão em investigação. A gestão estadual informou que atingiu 300 casos confirmados por 100 mil habitantes nesta segunda-feira, 4. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que essa taxa de incidência indica que o quadro da doença é epidêmico.
O COE iniciou as atividades em fevereiro deste ano e sua primeira medida foi o repasse de R$ 200 milhões às prefeituras dos 645 municípios paulistas para ações de combate ao mosquito. Com o decreto de emergência em saúde pública, o estado tem mais ferramentas para a alocação de recursos e para o recebimento de suporte do governo federal por meio do Ministério da Saúde.
“O decreto é mais uma iniciativa do estado dentro de um planejamento de ações, iniciado no ano passado, para assegurar a assistência aos municípios e à população. Usaremos os recursos disponíveis para combater o Aedes aegypti“, disse, em nota, Priscilla Perdicaris, secretária de Estado da Saúde em exercício.
Até o momento, Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Minas Gerais declararam situação de emergência por epidemia da infecção neste ano. O decreto também foi publicado em 154 municípios. O país contabiliza 1.212.263 casos e 278 mortes por dengue em 2024. Outros 744 óbitos estão em investigação.
O Brasil ultrapassou 1 milhão de casos de dengue na última quinta-feira, 29, apenas nos dois primeiros meses de 2024. No início de fevereiro, o ministério divulgou a estimativa de que o número de casos de dengue no país pode chegar a 4,2 milhões em 2024, índice que seria um recorde.
Em 2023, o país atingiu 1 milhão de registros da doença no período entre 30 de abril e 6 de maio. Durante todo o ano passado, foram registrados 1.658.816 casos e 1.094 mortes por dengue.
Surto de dengue no Brasil
Desde 2022, a dengue voltou a crescer no país. A partir das primeiras semanas do ano, os números da doença causada pelo mosquito Aedes aegypti começaram a escalar de forma preocupante, fazendo com que estados e municípios brasileiros implementassem medidas como aumento de leitos e tendas para hidratação dos pacientes.
Segundo o Ministério da Saúde, o Distrito Federal concentra o maior número de casos por 100 mil habitantes. Lá, um hospital de campanha da Força Aérea Brasileira (FAB) foi montado para fazer o atendimento de pacientes que precisam de hidratação.
A doença tem colocado o mundo em alerta por estar se alastrando para novas e antigas regiões com a ajuda das mudanças climáticas, que criam condições propícias para a reprodução e proliferação dos mosquitos. Desde o ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou o tom ao se debruçar sobre dados e constatar que, em 2022, as taxas de infecção aumentaram oito vezes em relação ao ano 2000.
Em visita ao Brasil no início do mês, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que “o surto atual faz parte de um grande aumento em escala global da dengue”. Segundo Adhanom, o levantamento da entidade apontou que, no ano passado, foram notificados 5 milhões de casos e 5.000 óbitos relacionados com a infecção em mais de oitenta países.
Vacina contra a dengue
O Distrito Federal e o estado de Goiás foram os primeiros a receber doses da vacina contra a dengue, dando início à campanha de imunização que, no momento, está concentrada na faixa dos 10 e 11 anos de idade. Além dessas localidades, Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins também receberão doses, que serão distribuídas para 521 municípios.
Eles foram selecionados por serem locais com mais de 100 mil habitantes que estão com predominância do sorotipo 2 da doença e tiveram números altos de notificações desde o ano passado. Também são pontos que registraram índices elevados de infecção nos últimos dez anos.
Com o envio de novas doses, o cronograma vai contemplar as demais faixas etárias até os 14 anos, grupo prioritário escolhido por ser o mais afetado por episódios que levam à internação.
Em outubro do ano passado, a OMS recomendou a vacinação contra a doença com foco principalmente em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos em países endêmicos, caso do Brasil. Por aqui, o imunizante Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) meses antes, em março.
O Ministério da Saúde seguiu a recomendação da entidade e vai ofertar o imunizante para essa faixa etária. Com a medida, o Brasil se tornou o primeiro país a incluir a vacina no sistema público de saúde.
O país recebeu cerca de 750.000 doses, parte da primeira remessa com 1,32 milhão de doses adquiridas pelo governo brasileiro. Também está prevista a entrega de 568.000 doses ainda neste mês. Em 2024, está prevista a chegada escalonada de mais 5,2 milhões de doses. Para 2025, foram adquiridos 9 milhões de doses.