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Ensinar hábitos alimentares saudáveis nas escolas reduz gordura abdominal, diz estudo

Intervenções nos primeiros anos escolares mostram maior eficácia, pois tendem a ser aceitas pelas crianças mais novas; no Brasil, obesidade infantil é alarmante

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 1 ago 2024, 16h18
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  • Um estudo recente publicado no periódico científico Journal of the American College of Cardiology (JACC) revelou que intervenções de promoção da saúde durante os primeiros anos escolares ou ao longo de todo o período da escola primária podem reduzir significativamente a gordura abdominal em crianças.

    Mais de 1.700 crianças foram acompanhadas em cerca de 50 escolas públicas de Madrid, na Espanha. Os resultados sugerem que a introdução precoce de hábitos saudáveis pode ser mais eficaz do que intervenções em estágios posteriores.

    Metodologia do estudo

    As escolas participantes foram divididas em quatro grupos distintos. Um grupo de 12 escolas conduziu uma intervenção de promoção da saúde durante todos os seis anos do ensino fundamental, focando na gestão das emoções, aquisição de hábitos alimentares saudáveis, vida ativa e conhecimento do corpo e do coração. Outros dois grupos aplicaram a mesma intervenção, mas apenas por três anos: um grupo durante os primeiros três anos e o outro durante os últimos três anos do ensino fundamental. O quarto grupo não realizou nenhuma intervenção específica relacionada à saúde.

    Ao longo do estudo, diversas medições detalhadas da saúde cardiovascular foram obtidas dos participantes, que tinham entre 6 e 12 anos de idade. Essas medições incluíram marcadores de obesidade e acúmulo de gordura corporal, coletadas no início do estudo, no final do terceiro ano e no final do sexto ano escolar.

    Resultados 

    Os resultados principais mostram que os participantes expostos à intervenção durante os primeiros três anos do ensino fundamental apresentaram menor ganho de peso, menores aumentos no índice de massa corporal (IMC) e acúmulo de gordura abdominal significativamente menor em comparação com os outros grupos.

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    Isso porque, provavelmente, nos primeiros anos escolares, as crianças estão formando suas rotinas e comportamentos, tornando-se um momento ideal para introduzir hábitos saudáveis que podem ser enraizados e mantidos ao longo da vida. As crianças mais novas tendem a ser mais abertas a mudanças e novas práticas, facilitando a adoção de comportamentos saudáveis.

    Além disso, a escola é apontada como um ambiente ideal para a implementação de programas de promoção da saúde. No entanto, muitos programas anteriores não foram cientificamente rigorosos e seus resultados foram muitas vezes desanimadores ou inconclusivos. Segundo Rodrigo Fernández-Jiménez, chefe do laboratório de Saúde Cardiovascular e Imagem do Centro Nacional de Investigaciones Cardiovasculares (CNIC) e autor do estudo, qualquer intervenção que melhore a saúde das crianças será benéfica se implementada em larga escala, especialmente porque esse tipo de intervenção não apresenta efeitos secundários ou adversos.

    A obesidade infantil no Brasil

    No Brasil, a obesidade infantil também é um problema significativo e multifatorial, influenciado por condições genéticas, individuais, comportamentais e ambientais. Segundo o relatório público do Sistema Nacional de Vigilância Alimentar e Nutricional, até setembro de 2022, mais de 340 mil crianças de 5 a 10 anos foram diagnosticadas com obesidade. Em 2021, a Atenção Primária à Saúde (APS) diagnosticou obesidade em 356 mil crianças dessa mesma faixa etária.

    Atualmente, a região Sul do Brasil possui o maior índice de crianças com obesidadenessa faixa etária, com 11,52%, seguida pelas regiões Sudeste (10,41%), Nordeste (9,67%), Centro-Oeste (9,43%) e Norte (6,93%). A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) reconhece a obesidade como um problema de saúde pública que exige intervenções integradas de diversos setores para deter o avanço e garantir o pleno desenvolvimento durante a infância.

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    Segundo levantamento realizado pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância – Fiocruz/Unifase), se comparado com outros países, o Brasil possui quase três vezes mais crianças com excesso de peso do que a média global, que foi de 5,6% em 2022, enquanto no Brasil, o índice foi de 14,2%. A situação é ainda mais crítica entre os adolescentes, com 31,2% apresentando excesso de peso, quase o dobro da média global de 18,2%.

    O estudo destaca a importância das intervenções precoces na promoção de hábitos saudáveis entre crianças em idade escolar. A implementação de programas de saúde nas escolas não só ajuda a reduzir a gordura abdominal e outros marcadores de obesidade, mas também pode estabelecer bases sólidas para um estilo de vida saudável ao longo da vida. A promoção da saúde desde cedo é um passo crucial para combater a obesidade infantil e melhorar a saúde geral das futuras gerações, tanto na Espanha quanto em outros países.

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