Foi preciso se submeter a uma rígida dieta, que prevê a ingestão de sachês que fornecem de 600 a 800 calorias por dia em sua primeira etapa, para que a empresária Ani Patrícia Pereira Silva, de 48 anos, conseguisse efetivamente perder peso e manter-se nele por mais de um ano.
O excesso de peso começou a surgir aos 25 anos, logo depois de Ani perder os avós, de quem era muito próxima. Na época, a jovem pesava 56 quilos e mantinha a prática diária de exercícios físicos. Ficou deprimida e deixou de se exercitar e de fazer as coisas que mais gostava. Casada, passou por uma crise no relacionamento pessoal, piorando a situação. “Fui engordando com o passar dos anos sem me dar conta, pois sempre fui muito magra. Quando percebi, havia dobrado de peso.”
Ani conta que logo descobriu uma artrose nos joelhos provocada pelo excesso de peso. Ela se matriculou na aula de hidroginástica para tratar o problema e procurou ajuda psicológica. “A depressão afeta o relacionamento, o humor, o trabalho”, conta ela, que chegou a cogitar fazer a cirurgia bariátrica, mas desistiu porque teria que emagrecer uns quilos antes para o procedimento ser mais seguro — o que acabou a desanimando.
O exercício físico e a ajuda psicológica não foram o suficientes para Ani emagrecer. Desanimada com os resultados que não apareciam, a empresária soube que o cunhado estava fazendo uma “dieta maluca, à base de sachês” e que estava emagrecendo bastante. Quis se informar a respeito. Num primeiro momento, foi desencorajada pelo próprio parente, que disse que era “coisa de loucos”.
Apesar disso, Ani foi atrás da técnica e conheceu um método de emagrecimento a base de uma dieta proteinada, que surgiu há 12 anos na Espanha, e conquistou vários famosos no Brasil, entre eles o cantor Luciano Camargo, da dupla Zezé di Camargo e Luciano, que perdeu mais de 35 quilos seguindo à risca as regras da dieta. Mais de 600.000 pessoas no mundo já se submeteram ao método, que fornece sachês em pó que são transformados em comidas, como shakes e omeletes, e prevê suplementação de vitaminas e acompanhamento médico.
Na primeira etapa, segundo a assessoria de imprensa do método, a previsão é que a pessoa perca até 80% do peso desejado com a eliminação total do carboidrato da dieta e a inclusão de “gorduras boas” na alimentação, como o azeite. No café da manhã de Ani, o sachê era misturado em água para se transformar em uma panqueca ou em um omelete. Às vezes, era transformado em um pequeno bolo. “Você bate tudo e a mistura está pronta. Enjoa, claro. Mas o segredo é não desistir e beber muita água”, afirma.
No primeiro mês no regime de sachês, Ani eliminou 9 quilos. “Eu estava absolutamente disciplinada. Na primeira semana perdi 4 quilos e tinha que explicar para as pessoas como estava emagrecendo. Quando eu ia em encontros de família, levava minha marmita com as refeições prontas e minha garrafa de água para não cair em tentação”, lembra.
Ani foi ficando ainda mais disciplinada ao perceber que todo o esforço estava sendo refletido no emagrecimento. Quando faltava perder cerca de 20% do peso para atingir o peso desejado, a dieta foi adaptada: a carga calórica aumentou com a reintrodução gradual de carboidratos bons, como frutas e pão integral.
“No começo achei que não ia conseguir. Mas eu tinha consulta médica toda semana e o apoio profissional foi fundamental para a minha evolução. As pessoas precisam entender que a dieta não é a salvação do mundo. É preciso ter foco e cabeça no lugar, além de ser estimulado todos os dias. Era preciso reinventar a cozinha todos os dias para não enjoar”, afirma Ani.
A empresária, que começou o regime em 2015, seguiu a dieta ao longo de um ano e meio. Perdeu 30 quilos, estabilizou o peso e o mantém até hoje. “Como meu carboidrato, bebo minha cerveja, como alguns doces sem açúcar. Também caminho três vezes por semana. Hoje eu sei que a comida é minha amiga e não minha muleta”, diz.
Segundo o médico nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), a dieta usada por Ani é a chamada “low carb” ou “dieta proteinada” e se baseia na exclusão total do carboidrato. “As dietas hiperproteicas são as que dão mais saciedade para a pessoa. O problema é que dificilmente a pessoa consegue se manter nela por mais de seis meses, pois ela é monótona e enjoativa”, diz.
Ainda segundo Ribas, a primeira dieta “low carb” foi descrita na literatura em 1863 e era chamada de “banting diet”. “Qualquer dieta abaixo de 1.200 calorias fará a pessoa perder peso. Se comer 1.200 calorias só em chocolate perde peso. O difícil é manter depois, por isso a importância de acompanhamento profissional”, diz. O principal risco de uma dieta tão rígida, diz Ribas, é causar uma sobrecarga renal. “Isso pode favorecer o aparecimento de pedras nos rins”, orienta.
Deslize o dedo ou mouse para ver o antes e depois de Ani:
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