Em uma decisão histórica, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou nesta quarta-feira, 6, a vacinação em massa de crianças em áreas que registram alta transmissão de malária. A medida deve beneficiar os países da África Subsaariana e outras regiões que apresentam alto risco para a doença. “A vacina antimalárica, tão esperada para crianças, é um progresso da ciência, da saúde infantil e da luta contra a malária”, declarou em nota o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O Mosquirix é produzido pela GlaxoSmithKline e é administrado em quatro doses em crianças a partir de cinco meses de idade. Para o diretor-geral, a distribuição da vacina nos países afetados pela malária “pode salvar dezenas de milhares de jovens todos os anos”. A malária está entre as doenças infecciosas e mortais mais antigas que se tem conhecimento. Mata cerca de meio milhão de pessoas a cada ano, quase todas na África Subsaariana – entre elas 260.000 crianças menores de 5 anos.
Criada há cerca de 30 anos, a vacina só teve investimentos mais pesados na última década. O estágio final de testes ocorreu entre 2011 e 2015, sendo que, neste último ano, a pesquisa passou a ser financiada majoritariamente pela Fundação Bill & Melinda Gates. Nessa fase, a fórmula foi testada em sete países africanos. Os resultados de 2015 mostravam que a vacina conseguia prevenir cerca de quatro em cada 10 casos da malária – três em cada 10 casos graves – e levou à redução em um terço das crianças que precisavam de transfusão de sangue.
Mesmo com a eficácia de 30%, o que é considerado baixo, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) autorizou o uso no continente em 2015 por considerar que os benefícios superam os riscos. E também porque essa é a única vacina do tipo disponível no mundo. A maior parte das dúvidas sobre a viabilidade do imunizante ocorre por conta da quantidade de doses e do prazo que tem que ser respeitado na aplicação: as primeiras três devem ser dadas no quinto, sexto e sétimo mês de vida, com uma administração de reforço no 18º mês.
A OMS informou que ainda está finalizando as fontes que ajudarão a custear o envio das doses para as regiões afetadas, mas disse que espera que os países incluam a nova vacina em seus calendários nacionais de imunização. A malária é uma doença infecciosa, que provoca febre e calafrios e é potencialmente grave. Ela é causada pelo parasita Plasmodium e o grau de gravidade depende do tipo de mosquito do gênero Anopheles que infecta a pessoa.