Depressão deixa adolescentes mais propensos a fumar vape, diz estudo
Pesquisa revela que uso de cigarro eletrônico é 74% maior entre jovens com níveis moderados de estresse; jovens estariam recorrendo ao fumo como automedicação
Um estudo publicado no periódico Australian and New Zealand Journal of Psychiatry nesta segunda-feira, 2, revelou uma preocupante correlação entre depressão severa e o uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes australianos. A pesquisa, que abrangeu mais de 5.000 estudantes dos anos 7 e 8 em 40 escolas de Nova Gales do Sul, Queensland e Austrália Ocidental, indicou que adolescentes com sintomas severos de depressão têm mais do que o dobro de probabilidade de experimentar cigarros eletrônicos em comparação com aqueles que não apresentam tais sintomas.
Os dados, coletados entre maio e outubro de 2023 como parte do OurFutures Vaping Trial — o primeiro e único ensaio clínico de prevenção ao uso de cigarros eletrônicos em escolas australianas — destacam uma prevalência preocupante do uso de vapes entre jovens com saúde mental debilitada. Dos 5.157 estudantes que participaram do estudo, 8,3% relataram ter utilizado cigarros eletrônicos pelo menos uma vez.
A pesquisa também revelou que o uso de e-cigarros é 74% maior entre estudantes que relataram níveis moderados de estresse e 64% maior entre aqueles com altos níveis de estresse, em comparação com seus pares que relataram baixo estresse.
Ainda mais grave: o uso foi 105% mais elevado entre adolescentes com baixo bem-estar em relação àqueles que desfrutam de uma sensação de bem-estar elevada. Curiosamente, os sintomas de ansiedade não mostraram associação significativa com o uso de cigarros eletrônicos.
Suporte à saúde mental
Os resultados enfatizam a necessidade urgente de intervenções que combinem suporte à saúde mental com medidas de prevenção ao uso de cigarros eletrônicos. A professora associada Emily Stockings, coautora do estudo, ressaltou que a crescente relação entre o uso de e-cigarros e problemas de saúde mental deve ser abordada em conjunto para impedir o início do hábito entre os adolescentes.
“Se queremos melhorar a saúde mental e prevenir o uso de cigarros eletrônicos, é claro que precisamos fazer essas duas coisas ao mesmo tempo”, afirmou, em comunicado.
A pesquisa também destaca o fato de que o início do uso de cigarros eletrônicos ocorre, em média, aos 14 anos, coincidindo com um período crítico de desenvolvimento para os adolescentes.
Embora a pesquisa atual não explique completamente o motivo pelo qual adolescentes com saúde mental debilitada são mais propensos a usar vapes, ela sugere que fatores sociais, ambientais e genéticos compartilhados possam estar envolvidos, ou que os jovens estejam recorrendo ao fumo como uma forma de automedicação.