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Declarações infelizes e crise do zika deixam situação de ministro da Saúde insustentável

A falta de freio de Marcelo Castro nos comentários vem acompanhada do descontentamento do governo com o combate ao mosquito Aedes aegypti

Por Da Redação
26 jan 2016, 07h54

O governo avalia que o ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB), está desgastado e vem perdendo as condições políticas de permanecer no cargo em razão de suas declarações e da ineficiência ao tratar do avanço da dengue e do zika. Nesta segunda-feira, em uma visita à Sala de Controle das Ações de Combate ao Aedes aegypt, uma iniciativa do governo do Distrito Federal, em Brasília, o ministro voltou a dizer que o país está perdendo “feio” a guerra contra o mosquito.

A expressão, a mesma adotada na última sexta-feira, durante evento da Fundação Oswaldo Cruz, em Teresina, foi considerada infeliz pelo Planalto, sobretudo num momento em que integrantes do governo tentam traçar estratégia para mobilizar a população no combate ao mosquito. “Nós estamos há três décadas com o mosquito aqui no Brasil e estamos perdendo a batalha feio para o mosquito”, disse.

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No governo, há quem avalie que Castro corre sério risco de “morrer pela boca”. Segundo um interlocutor do Planalto, o ministro já foi orientado a tomar mais cuidado com suas declarações. Algo que ele dá mostras de ter dificuldade em colocar em prática. À noite, após mais uma reunião no Planalto para debater um plano de combate ao mosquito, ele sugeriu que governos anteriores foram condescendentes na prevenção: “Nós temos 30 anos de convivência com o Aedes aegypti no Brasil. Sem querer culpar ninguém, acho que houve uma certa contemporização com o mosquito”.

A dificuldade em demiti-lo, porém, está associada ao risco de impeachment da presidente Dilma Rousseff, uma vez que Castro é uma indicação do deputado Leonardo Picciani (RJ), líder do PMDB na Câmara que tem atuado em defesa do governo no Congresso. Também pesa a seu favor o fato de que Castro, apesar de desastrado, é considerado aliado fiel da presidente e um auxiliar em batalhas travadas no Congresso.

Mas a cada deslize, que começou tão logo o peemedebista foi indicado para o cargo, o cerco contra ele se fecha e nos bastidores discute-se sua saída. Na primeira declaração, antes mesmo de tomar posse, afirmou ser favorável a uma contribuição sobre movimentações financeiras. Ele sugeriu que ela deveria ser cobrada “no débito e no crédito”. Criticado, amenizou o discurso. Não voltou a falar em economia, mas passou a fazer comentários considerados de gosto duvidoso e com potencial de desgaste.

Questionado sobre planejamento familiar em tempos de zika e microcefalia, ele afirmou que “sexo era para amadores; gravidez, para profissionais”. Há poucas semanas, disse que “torcia” para que mulheres fossem infectadas pelo zika antes do período fértil, como forma de ganhar imunidade antes de a vacina ser desenvolvida.

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A falta de freio do ministro nos comentários vem acompanhada do descontentamento no governo com a condução das medidas contra o avanço de dengue, chikungunya e zika. A maior preocupação é a ameaça do zika, vírus identificado no ano passado no País e associado à epidemia de microcefalia, má-formação que pode comprometer o desenvolvimento da criança. Castro já disse ser necessário trabalhar para evitar o surgimento de uma “geração de sequelados”.

Uma das estratégias usadas pelo governo federal foi criar uma Sala Nacional de Coordenação e Controle para combate ao mosquito e enfrentamento da microcefalia, que está ligada ao Ministério da Integração Nacional. A meta era visitar até o fim do mês “todos os domicílios” do país, um objetivo audacioso e que teve de ser adiado para o fim de fevereiro.

A presidente Dilma já deu sinais de não estar satisfeita com o trabalho de Castro. Ao sair da reunião com Dilma no Planalto, na segunda-feira, o ministro foi questionado se levou puxões de orelha por causa de seus conselhos e observações. Castro respondeu que não. Segundo ele, a presidente está tão preocupada quanto ele em relação ao mosquito. “A situação é grave, a situação é gravíssima. E nossa obrigação, como agente público, é dizer, sem meias palavras, o que está acontecendo”, afirmou.

(Com Estadão Conteúdo)

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