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Crise nas prefeituras paralisa hospitais em várias cidades de SP

Consultas, cirurgias e internações acabaram suspensas por falta de profissionais ou o atendimento foi reduzido para enxugar custos

Por Da redação
12 dez 2016, 07h54

Sem verbas próprias e com atraso nos repasses das prefeituras, hospitais que atendem pelo sistema público de saúde estão parando em todo o interior paulista. Em várias cidades, consultas, cirurgias e internações acabaram suspensas por falta de profissionais ou o atendimento foi reduzido para enxugar custos. Há ainda médicos e funcionários em greve por falta de pagamento.

Estudantes de Medicina e funcionários do Hospital Santa Lucinda, de Sorocaba, saíram em passeata na quarta-feira passada contra a suspensão de convênio da prefeitura com o hospital que garantia o atendimento de 3.000 pacientes e até 800 internações por mês. Os estudantes da Pontifícia Universidade Católica (PUC) alegam que 80 leitos separados para o Sistema Único de Saúde (SUS) estão sendo desativados.

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Há uma semana, a Justiça determinou à prefeitura um repasse de 68 milhões de reais ao centro médico para a realização de cirurgias cardíacas, sob pena de multa diária de 10.000 reais. A prefeitura informou que entrará com recurso e alegou que a suspensão do convênio decorreu da situação financeira do município. Apontou ainda a defasagem entre os custos da saúde e o que recebe de repasses estaduais e federais.

Funcionários da Santa Casa de Valinhos fizeram um protesto na mesma quarta contra o atraso nos salários. Eles não receberam o adiantamento de dezembro e a primeira parcela do 13º salário. O hospital diz que o repasse da prefeitura atrasou e o ato não prejudicou o atendimento. A prefeitura negou o atraso e informou que, neste ano, já repassou 18 milhões de reais ao local, valor acima do repassado em anos anteriores.

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Na segunda-feira da semana passada, funcionários do Hospital Psiquiátrico Vera Cruz, de Sorocaba, fizeram um protesto contra a falta de alimentos para os 300 pacientes da unidade. Eles estavam recebendo apenas duas refeições por dia – almoço e jantar. A situação das refeições já foi normalizada, mas ainda faltam médicos para os pacientes e funcionários para a limpeza do hospital. A Associação Paulista de Gestão Pública, responsável pelo hospital, alegou que a dificuldade é causada pelo atraso nos repasses da prefeitura. O município informou que as verbas previstas para o ano já foram executadas.

Grávidas — As gestantes de Angatuba estão sendo obrigadas a viajar para Itapetininga, a 110 quilômetros, para dar à luz. A Santa Casa local reduziu o atendimento às parturientes, depois que cinco médicos deixaram de atender por falta de pagamento. O único hospital da cidade alega falta de condições financeiras para manter os profissionais.

Em assembleia na terça-feira, a provedora Maria Inês Barros Pereira afirmou que o centro médico pode fechar. “Todos os médicos estão com pagamentos atrasados e, se eles pararem, a Santa Casa também para.” O prefeito Calá Turelli (PSDB) alega que os repasses são feitos. “Até novembro passamos 4,5 milhões de reais para o hospital e, este mês, esperamos a entrada das transferências de impostos para fazer a subvenção.”

Em Jundiaí, o Hospital São Vicente suspendeu as cirurgias não emergenciais e dispensou 25 médicos do pronto-socorro. Outros funcionários e médicos terceirizados estão com salários atrasados. A administração também alega falta de repasses da prefeitura. O São Vicente atende 25.000 pessoas, faz 1.300 internações por mês e é o único hospital filantrópico de referência para a rede pública na cidade.

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A prefeitura informou ter liberado, na terça-feira, 5,5 milhões de reais para o pagamento dos salários. Segundo o município, além dos 15 milhões de reais destinados este ano, foi feito aditamento de outros 13 milhões de reais, mas a direção do centro médico alega que o dinheiro é insuficiente.

Os 30.000 moradores de Rio das Pedras estão sem hospital para casos urgentes. O São Vicente de Paulo suspendeu as internações, alegando que a prefeitura não faz repasses desde agosto, acumulando débito de 1,5 milhão de reais. Sete dos doze médicos pararam de atender por falta de pagamento. Os casos graves são levados para Piracicaba, mas as transferências também foram afetadas pela falta de pagamento à empresa de transporte. A prefeitura reconheceu a “grave dificuldade financeira, como a maioria dos municípios do Brasil”.

Serviço até 19 horas — As 63 Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Campinas reduziram o horário de funcionamento. Desde o início de dezembro, o limite de atendimento diário passou a ser às 19 horas e não mais às 22 horas. De acordo com o secretário de Saúde da cidade, Carmino Antonio de Souza, o objetivo é reduzir custos e um estudo mostrou que, após as 19 horas, há queda de 80% nos atendimentos. Conforme Souza, a medida não afeta as unidades de pronto-atendimento, pronto-socorro e hospitais que atendem urgência e emergência 24 horas.

(Com Estadão Conteúdo)

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