Crianças que apresentam alguma deficiência têm quatro vezes mais chances de sofrer qualquer tipo de violência do que as crianças sem deficiência, aponta um novo estudo divulgado nesta quinta-feira na revista médica The Lancet. Ainda de acordo com a pesquisa, os jovens portadores de defciência associada a uma doença mental ou intelectual são os mais vulneráveis e apresentam um risco 4,6 maior de serem vítimas. Esses dados fazem parte de um levantamento encomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e realizado pela Universidade John Moores de Liverpool, na Inglaterra.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Prevalence and risk of violence against children with disabilities: a systematic review and meta-analysis of observational studies
Onde foi divulgada: revista The Lancet
Quem fez: Lisa Jones, Mark Bellis, Sara Wood, Karen Hughes, Ellie McCoy, Lindsay Eckley, Geoff Bates, Christopher Mikton, Tom Shakespeare e Alana Officer
Instituição: Universidade John Moores de Liperpool, Inglaterra
Dados de amostragem: 18.000 crianças
Resultado: Crianças com algum tipo de deficiência sofrem quatro vezes mais violência do que as outras e crianças com deficiência mental ou intelectual correm risco 4,6 vezes maior em relação às outras crianças
O estudo ainda mostrou que crianças com deficiência tem uma probabilidade 3,5 maior de serem vítimas de agressões físicas e três vezes maior de sofrerem violência sexual do que jovens sem deficiência. Para os autores desse trabalho, o estigma, a discriminação e a ignorância em relação à deficiência de uma criança estão entre os principais fatores de risco para as agressões contra esses jovens, junto à falta de apoio social a seus cuidadores.
Ao todo, 17 outras pesquisas sobre o assunto, feitas com aproximadamente 18.000 crianças de países como Estados Unidos, França, Espanha e Suécia, foram levadas em consideração pelo levantamento.
“Os resultados dessa análise provam que as crianças com deficiência são desproporcionalmente mais vulneráveis, e suas necessidades têm sido negligenciadas por muito tempo”, diz Etienne Krug, diretor do Departamento de Prevenção a Violência e Danos da OMS. “Sabemos que há estratégias específicas capazes de prevenir agressões contra crianças e atenuar suas consequências. Precisamos agora determinar se essas abordagens também funcionam para crianças com deficiência.”