Do total de 210,2 milhões de doses de vacinas contra Covid-19 anunciadas e garantidas pelo Ministério da Saúde até o mês de junho deste ano, 17% podem enfrentar sérios entraves regulatórios ou de importação até chegar aos braços dos brasileiros.
Entram nessa conta as 20 milhões de doses das vacinas Covaxin, da indiana Bharat Biotech, e 10 milhões da Sputnik V, do Instituto Gamaleya, na Rússia. Nos dois casos, não há aval para uso — nem emergencial — junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ambas ainda chegaram a solicitar pedidos de estudos clínicos, que não avançaram na agência. Sem o aval de uso, não há como chegar aos braços dos brasileiros. Essa etapa de análise só está dispensada às vacinas compradas por meio do consórcio Covax Facility e, portanto, avalizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Outra parte desse montante diz respeito às 6 milhões de doses da vacina da parceria AstraZeneca/Oxford a serem importadas do Instituto Serum, na Índia, que podem sofrer atrasos de entrega, conforme revelou uma reportagem da agência Reuters. O motivo do comprometimento das entregas está relacionado à demanda interna de vacinação, que precisa ser acelerada.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou, por meio de nota, que “foi informada, por meio de uma carta em 4 de março sobre o atraso na importação das remessas das vacinas prontas. O processo de importação conta com o apoio do governo da Índia e da AstraZeneca, que vem colaborando em todo o esforço de antecipação das vacinas”.
Portanto, há a possibilidade que o cronograma previsto pelo governo em que 6 milhões de doses seriam entregues por meio de remessas divididas em abril, maio e junho não se cumpra. Além dessa monta, outra 2 milhões de doses são esperadas para julho. Em comunicado no último domingo, o Ministério da Saúde manteve, porém, os prazos previamente anunciados e afirmou que o cronograma “pode sofrer constantes alterações, de acordo com a produção dos insumos”.
O sucesso da vacinação no primeiro semestre poderá ser capaz de reduzir os registros de casos e mortes por Covid-19, conforme apontou a capa de VEJA. Pois é nesse período em que será concentrada a imunização dos grupos prioritários fixados pelo Ministério da Saúde — onde concentra-se a população mais vulnerável e mais exposta à ação do vírus. A imunização vai gerar um impacto em 76% das mortes e 56% de internações, estima-se.
Confira o avanço da vacinação no país: