Crianças cujas mães se expuseram a altos níveis de poluição atmosférica durante a gravidez têm maiores chances de apresentar algum problema relacionado à função pulmonar. Essa é a conclusão de um novo estudo feito na Espanha e publicado na edição desta semana do periódico Thorax. Segundo a pesquisa, o risco da disfunção chega a ser 30% maior em comparação com filhos de mulheres que tiveram menor contato com o ar poluído ao longo da gestação.
Uma série de estudos já associou a exposição à poluição durante a gravidez a problemas de saúde no bebê, incluindo baixo peso ao nascer e risco de parto prematuro.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Intrauterine and early postnatal exposure to outdoor air pollution and lung function at preschool age
Onde foi divulgada: Thorax
Quem fez: Eva Morales, Raquel Garcia-Esteban, Oscar Asensio de la Cruz, Mikel Basterrechea e Aitana Lertxundi, entre outros.
Instituição: Centro de Investigação em Epidemiologia Ambiental, na Espanha.
Resultados: Grávidas que vivem em áreas poluídas durante o segundo trimestre de gestação têm filhos com até 30% mais chances de apresentarem deficiência pulmonar.
A nova pesquisa, feita no do Centro de Investigação em Epidemiologia Ambiental de Barcelona, acompanhou 1 295 mulheres grávidas desde o início da gestação e, depois, avaliaram os seus filhos até os quatro anos de idade.
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Os autores analisaram os níveis de poluição aos quais as participantes se expuseram durante a gravidez. Para isso, mediram a taxa de dois marcadores de poluição na região em que cada uma vivia: dióxido de nitrogênio (NO2), composto relacionado à poluição provocada por automóveis, e benzeno, associado à presença de atividades industriais.
Os pesquisadores também avaliaram a função pulmonar das crianças quando elas completaram quatro anos. Para isso, as submeteram a uma espirometria, exame que calcula o volume do fluxo de ar do paciente durante a respiração – ou seja, a sua capacidade de colocar ar para dentro e fora dos pulmões.
Prejuízo – Segundo as conclusões da pesquisa, as mulheres expostas aos maiores níveis de NO2 e de benzeno durante a gravidez tiveram filhos com risco 22% mais elevado de sofrer problemas na função pulmonar. Essa probabilidade foi ainda maior, de 30%, quando o contato com áreas mais poluídas ocorreu durante o segundo trimestre de gravidez.
“Os resultados sugerem que a exposição aos poluentes atmosféricos, principalmente relacionados ao trânsito, durante o período pré-natal pode afetar negativamente o pulmão em desenvolvimento do bebê. Aplicar políticas públicas para reduzir a exposição à poluição pode evitar esse quadro”, escreveram os autores no artigo.