A brusca freada na vida imposta pela pandemia, essa que nos pôs compulsoriamente entre quatro paredes, trouxe naturalmente um olhar um tanto retrô, de volta ao mundo como costumava ser, e uma preocupação: como manter o corpo são e a mente sã? A união das duas pontas, a da nostalgia e a dos cuidados físicos, fez renascer nas redes sociais os exercícios pela televisão que Jane Fonda apresentava ao mundo, nos anos 1980, ao inaugurar a febre global do fitness. A mensagem: se não é para sair de casa, e não é mesmo, movimente-se. “Esse período de privação faz com que o sistema imunológico fique mais vulnerável”, diz o professor de educação física Marcio Atalla, idealizador e produtor do documentário Vida em Movimento. “Por isso é crucial seguir a recomendação da OMS de permanente atividade corporal.” A Associação Americana de Cardiologia sugere a todo adulto duas horas e meia por semana de movimentação aeróbica, de intensidade moderada.
O nome do jogo, segundo a educadora física Adriana Pinto Molina, de São Paulo, é “criatividade”. Ou seja: tentar usar o equipamento doméstico mais banal como aparelho de ginástica — pode ser a cadeira da sala, a parede do quarto, o chão, e pouca coisa mais. Vale contar, como guia, com a ajuda dos vídeos postados na internet. É o que tem feito o preparador físico paranaense Everton Oliveira, responsável pelo condicionamento da dona do cinturão do UFC, Amanda Nunes. No Instagram (@evertonvvoliveira), ele mostra ideias simples. “Não se trata de formar atletas, claro, mas de oferecer bem-estar”, diz. A carioca Chris Igreja, instrutora de ioga, também usa sua conta no Instagram (@chrisigreja) para divulgar as aulas diárias, das 9 às 10 da manhã, de segunda a sexta, que decidiu ministrar por meio da plataforma Zoom. Se a necessidade faz o homem, tome-se o exemplo do alemão Joseph Pilates (1883-1967), criador do método de fortalecimento muscular que leva seu nome. Foi em um período de reclusão na Ilha de Man, durante a I Guerra, que Pilates desenvolveu seu sistema de exercícios.
Publicado em VEJA de 1 de abril de 2020, edição nº 2680