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Cientistas descobrem como impedir que câncer de pâncreas se espalhe

Estudo identifica uma proteína chave que reverte o processo que permite que as células cancerígenas do órgão cresçam e se alastrem pelo corpo

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 jul 2022, 17h01 - Publicado em 30 jun 2022, 17h21

Um estudo do Instituto de Pesquisa do Câncer, em Londres, descobriu o mecanismo que controla a propagação do câncer de pâncreas. De acordo com a pesquisa revisada por pares, é possível reverter o processo que permite que as células cancerígenas do pâncreas cresçam e se espalhem pelo corpo por meio de uma proteína chave chamada GREM1.

Segundo essas descobertas, publicadas na revista Nature, a GREM1 é fundamental para regular o tipo de células encontradas no câncer de pâncreas e manipular seus níveis, o que pode reverter a capacidade de se transformarem em um subtipo mais agressivo.

Durante o estudo feito com camundongos, os pesquisadores “desativaram” a proteína GREM1 em “mini-tumores” pancreáticos, conhecidos como organoides. Isso fez com que as células tumorais mudassem rapidamente de forma e desenvolvessem propriedades que as ajudaram a invadir novos tecidos e migrar pelo corpo. Em apenas 10 dias, todas as células tumorais mudaram sua identidade para um tipo de célula perigosa e invasiva.

Desligar o gene também tornou os tumores em camundongos mais propensos a se espalhar. Cerca de 90% dos animais sem GREM1 funcional desenvolveram tumores que se espalharam para o fígado, em comparação a 15% dos camundongos em que o GREM1 estava funcionando normalmente.

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Ou seja, os cientistas mostraram que aumentar os níveis de GREM1 poderia reverter esse processo e fazer com que os tipos de células invasivas voltassem a uma forma menos perigosa. “Esta é uma descoberta importante e fundamental que abre um novo caminho para descobrir tratamentos para o câncer de pâncreas”, disse Axel Behrens, líder da equipe de células-tronco do câncer no Instituto de Pesquisa do Câncer e autor sênior do estudo. “Mostramos que é possível reverter o destino das células no câncer de pâncreas no laboratório – voltando o relógio em tumores agressivos e mudando-os para um estado que os torna mais fáceis de tratar”.

O câncer de pâncreas tem as menores taxas de sobrevivência de cânceres comuns. Menos de 7% das pessoas sobrevivem por cinco anos ou mais. A cada ano, mais de 10.000 pessoas são diagnosticadas com câncer de pâncreas no Reino Unido, e mais de 9.000 morrerão por causa disso. “O câncer de pâncreas é um dos mais devastadores de todos os cânceres – a forma mais comum da doença se espalha agressivamente, tornando-a difícil de tratar e um diagnóstico aterrorizante para os pacientes e seus entes queridos”, afirmou Kristian Helin, diretor executivo do Instituto de Pesquisa do Câncer.

Os pesquisadores também descobriram que outra proteína, chamada BMP2, está envolvida na regulação do GREM1, e que as duas regulam a forma que as células PDAC assumem, de acordo com um modelo matemático proposto pela primeira vez por Alan Turing, em 1952. Esses ‘padrões de Turing’ são encontrados na natureza – da pele do baiacu gigante às conchas – e surpreendentemente é o mesmo tipo de padrões vistos nos diferentes tipos de células encontradas no câncer de pâncreas. Mais estudos são necessários para determinar se este modelo também é aplicável em outras formas de câncer. “Esta nova descoberta ampliou nossa compreensão da base molecular de como o câncer de pâncreas ganha a capacidade de crescer e se espalhar pelo corpo. Embora seja necessário mais trabalho, esse tipo de pesquisa fundamental é essencial para desenvolver conceitos para tratamentos novos e mais eficazes para o câncer”, completou Helin.

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