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‘Cada transplante é uma história que se renova’, diz médico de Faustão

VEJA conversou com equipe médica do Hospital Israelita Albert Einstein que acompanhou caso do apresentador sobre importância da doação de órgãos

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 set 2023, 13h10 - Publicado em 7 set 2023, 09h34

Em um domingo, dia em que o país se acostumou a acompanhar o apresentador Fausto Silva, o Faustão, em seu programa por mais de 30 anos, veio a notícia de que ele, diagnosticado com insuficiência cardíaca, havia recebido um novo coração após uma semana de espera pelo transplante. Quatro dias depois, em 31 de agosto, ele aparecia para fazer um emocionado agradecimento e ressaltar a importância da doação de órgãos. Acompanhar depoimentos com alívio e gratidão faz parte do dia a dia de quem atua com esse tipo de procedimento em que é oferecida uma nova chance de viver.

VEJA conversou com a equipe médica responsável por este e outros transplantes do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde 90% das cirurgias dessa natureza são realizadas em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

A notícia de que Faustão estava na lista única de transplantes levantou uma série de falsas acusações sobre o funcionamento do sistema e os critérios para selecionar os pacientes aptos a receber um órgão, baseados em altura e peso, gravidade do caso e tipo sanguíneo, por exemplo. Para a equipe do Einstein que esteve à frente deste caso, o apresentador estava no mesmo patamar dos demais que esperam por um órgão compatível: era uma vida a ser salva.

“É um privilégio trabalhar com transplantes, é difícil ter programação da rotina, trabalhamos 24 (horas) por sete (dias), mas cada transplante é uma história que se renova, independentemente de ser uma personalidade pública ou não”, diz Fernando Bacal, coordenador do Programa de Insuficiência Cardíaca e Transplante do hospital.

Ao seu lado, durante uma chamada de vídeo nesta quarta-feira, 6, o cirurgião cardiovascular Fábio Antônio Gaiotto completa: “É sempre uma alegria muito grande quando chega um órgão de boa qualidade para usar com segurança, porque o paciente que está esperando, geralmente, é um caso grave. Por isso que todos os pacientes repetem essa emoção para toda a equipe”.

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A rede que se formou a partir do paciente ilustre e a conscientização sobre a importância da doação de órgãos, por outro lado, podem ajudar na elevação do número de transplantes no país, que vive um momento de retomada de índices após a queda causada pela pandemia de Covid-19. No primeiro trimestre deste ano, segundo dados do Ministério da Saúde, foi registrado um aumento de 16% no número absoluto de transplantes de órgãos em relação ao mesmo período de 2022.

No Einstein, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), foram realizados 4.200 transplantes em pacientes da rede pública de 2009 até o momento, o que corresponde a 90% dos procedimentos feitos no hospital. “Não existe privilégio por condição econômica e social, mas critérios objetivos de priorização dentro de um programa transparente que é o maior do mundo em um sistema público”, diz Bacal.

‘Cada transplante é uma história que se renova’, diz médico de Faustão
CRITÉRIO TÉCNICO - Faustão: “Não é porque tenho dinheiro que estou bem” (@faustosilvaofcial/Instagram)
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Segundo José Eduardo Afonso Junior, coordenador médico do Programa de Transplantes do Einstein, ainda é cedo para afirmar que a tendência de alta será mantida nos próximos meses, mas ajudar os parentes de pessoas que perderam um ente querido a tomar essa decisão cientes da seriedade do sistema já pode ser um grande passo. “A recusa de familiares de potenciais doadores costuma ser de 40% a 50%. Tudo que é feito em hospitais públicos e privados é auditado e os critérios para determinar a morte encefálica são rígidos no Brasil.”

Afonso Junior diz que, além dessa barreira, é importante que o Sistema Nacional de Transplantes e as centrais sejam fortalecidos para atender mais pessoas ao redor do país. “Tem muita gente que teria ótimas condições de ser transplantado e viver uma vida longa e com qualidade, mas são pacientes que enfrentam questões logísticas e de investimento. Estão em UTI, em estado grave e não têm condições de viajar para localidades que realizam o procedimento. Com a heterogeneidade nas regiões do Brasil, é muito importante que os gestores locais invistam em transplantes.”

Para os que aguardam na lista, Bacal deixa uma mensagem que o norteia ao longo de 30 anos de atuação nesta área e que reproduz o pensamento daqueles que trabalham pelo sucesso dos transplantes: “Não pode perder a esperança em nenhum momento, porque tem sempre uma equipe trabalhando por eles. O nosso trabalho é para não perder nenhum paciente”.

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