Butantan anuncia desenvolvimento de vacina brasileira contra a Covid-19
Batizado de ButanVac, imunizante terá toda sua produção em território nacional, informou o governo de SP; instituto aguarda aval da Anvisa para testes
O Instituto Butantan anunciou nesta sexta-feira, 26, o desenvolvimento de uma vacina brasileira contra a Covid-19. O imunizante, batizado de ButanVac, será integralmente produzido no país, informou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que participou da entrevista coletiva sobre o antígeno.
De acordo com Dimas Covas, diretor da instituição, o pedido de autorização de testes em voluntários brasileiros será feito ainda hoje junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O estudo clínico que pleiteia a liberação avaliará aplicação com diferentes intervalos de tempo. A ideia é que participem adultos, com idades acima de 18 anos, e fora dos grupos prioritários já atualmente vacinados pelo programa do Ministério da Saúde.
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Se liberada, a chamada Butanvac terá a realização de ensaios de fase 1 e 2 em abril. As etapas iniciais são fundamentais para aferir a segurança do medicamento em humanos a terceira, e última, é a que afere a eficácia do medicamento. A instituição afirmou que poderá produzir 40 milhões de doses a partir de maio e 100 milhões a cada doze meses, tão logo a ButanVac seja aprovada. Segundo Doria, os resultados dos testes pré-clínicos, com animais, da nova vacina se mostraram promissores — mais detalhes, contudo, não foram apresentados.
A expectativa do governador é que a vacina seja usada amplamente no começo do segundo semestre de 2021 — um prazo muito menor do que o praticado por outros imunizantes testados no país em 2020. O Butantan produzirá 85% da cota de imunizantes em um consórcio internacional formado por Brasil, Vietnã e Tailândia. A instituição também prepara uma versão do imunizante para a variante P1 de Manaus.
“Não dependeremos da importação de nenhum insumo”, frisou Dimas Covas ao anunciar a Butanvac. Segundo ele, o imunizante usará a mesma tecnologia da vacina da gripe.
A tecnologia da ButanVac utiliza um vetor viral que contém a proteína spike do coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor nesta vacina é o da doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Por esta razão, o vírus se desenvolve bem em ovos embrionados, permitindo eficiência produtiva num processo similar ao utilizado na vacina de influenza. O vírus da doença de Newcastle não causa sintomas em seres humanos, constituindo-se como alternativa muito segura na produção.
O Butantan já fabrica a CoronaVac, em parceria com o laboratório chinês Sinovac Life Science, com insumos importados neste primeiro momento. A CoronaVac é o imunizante mais usado até agora no Brasil contra o coronavírus com mais de 25,5 milhões de doses já distribuídas pelo Ministério da Saúde.