Brasil vive boom de transplante de osso
O número de transplantes saltou de 755, em 2005, para 23.647, em 2010; nos primeiros nove meses de 2011, foram 17.609 casos
A busca por um sorriso perfeito tem lotado os consultórios dentários para alegria não só dos pacientes que recuperam sua autoestima, mas também dos profissionais especializados e de um novato nos bancos de tecidos, o osso. A odontologia tem sido responsável por uma explosão nos números de transplantes desse órgão que até bem pouco tempo era ignorado como alternativa de doação humana.
O volume do transplante ósseo no país saltou de 755 casos em 2005 para 23.647 em 2010. Nos primeiros nove meses de 2011, os registros chegaram a 17.609 casos, segundo a Associação Brasileira dos Transplantes de Órgãos (ABTO). “�Há uma forte procura por esse tipo de tecido para tratamento com implantes dentários”�, afirma Augusto Santos, responsável pelo Banco de Tecidos do Hospital das Clínicas de São Paulo, ligado à Faculdade de Ortopedia da USP. “�O transplante de ossos é oficial, como de fígado ou rim”, explica Santos. E tem sido muito usado nos consultórios.
O estudo da entidade mostra que a curva dos transplantes de osso dispara a partir da regulamentação da nova lei dos bancos de tecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com as modernas técnicas de aproveitamento do osso de doador humano, a oferta do tecido para a reconstrução de face e região da arcada dentária aumentou de 4,1 transplantes de osso por milhão de pacientes (pmp), naquele ano, para 123,1 pmp em 2011 (janeiro a setembro).
Profissionais – O número de dentistas credenciados pelo Ministério da Saúde, habilitados para usar material doado a Banco de Tecido, também é recorde. Em 2005 eram 22 profissionais credenciados, segundo estudo da Universidade de Medicina da USP. Esse número subiu para 402 em 2006 e foi, em 2009, para 2.653. Em 2010, o número de dentistas habilitados foi para 3.585. O resultado do aumento da oferta de osso, da regulamentação e do incremento dos profissionais de saúde bucal foi uma avalanche de procedimentos de correção nos consultórios.
De acordo com o cirurgião bucomaxilo do Hospital das Clínicas, André Caroli Rocha, os enxertos de osso humano para correção odontológica funcionam no apoio de tratamentos como os implantes que usam bases de titânio, o �ouro� da moda dos consultórios dentários.
Segundo Caroli, o osso transplantado é usado para completar cavidades junto com os pinos. “O material de banco de tecidos pode ser granulado ou em blocos, conforme a necessidade e a indicação de cada paciente.” Ele explica ainda que o enxerto é também usado no levantamento do maxilar e no alargamento dos ossos da parede da boca para posterior aplicação no local das bases de titânio que darão sustentação para dentes individuais, recuperando as funções de mastigação do paciente e permitindo a reparação estética.
(Com Agência Estado)