Aumentam as chances de termos mais de uma vacina contra a Covid-19
Avanços revelados nesta segunda, 9, incluem imunizante com 90% de eficácia, status de aprovação acelerada na FDA e chegada de primeiras doses ao Brasil
Nesta segunda-feira, 9, um dos anúncios mais esperados do ano foi apresentado: a constatação de que uma vacina pode ser capaz de prevenir a infecção pelo novo coronavírus. Dados preliminares de um estudo clínico fase 3 com 44.000 pessoas, incluindo 3.100 brasileiros, mostraram que o imunizante desenvolvido pela gigante americana Pfizer em parceria com a empresa alemã BioNtech apresentou mais de 90% de eficácia na prevenção da doença, sem causar efeitos colaterais graves.
Esse é o primeiro resultado positivo de um teste clínico em larga escala apresentado e representa um divisor de águas, pois indica que as vacinas de fato podem ajudar a conter a pandemia. Até então, havia uma preocupação de que as vacinas poderiam não se mostrar eficazes. Além disso, a eficácia de 90% supera, em muito, a expectativa das farmacêuticas e agências reguladoras. No melhor cenário, especialistas esperavam que uma vacina contra Covid-19 tivesse 70% de eficácia. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a FDA, agência americana que regula medicamentos e produtos de saúde, determinaram que um imunizante precisaria ser, no mínimo, 50% eficaz na prevenção da doença para ser aprovado.
O anúncio foi o primeiro de uma série de notícias positivas divulgadas ao longo do dia. Também sexta segunda-feira, 9, a vacina desenvolvida pela empresa americana de biotecnologia Novavax recebeu o status de aprovação rápida na FDA. A designação tem como objetivo facilitar o desenvolvimento e agilizar a revisão dos dados necessários para a aprovação de medicamentos desenvolvidos para tratar condições graves ou para atender necessidades médicas não atendidas, como é o caso da Covid-19.
Em agosto, dois estudos da vacina da Novavax mostraram resultados preliminares tão encorajadores que foram considerados por muitos especialistas os mais impressionantes já vistos. A empresa recebeu 1,6 bilhão de dólares (cerca de 8,6 bilhões de reais) do governo americano para ter 100 milhões de doses prontas até o início de 2021. Resultados preliminares do estudo fase 3 no Reino Unido, que conta com a participação de 10.000 voluntários, são esperados para o primeiro trimestre de 2021.
Nesta mesma segunda-feira, 9, o governador João Doria anunciou que em 20 de novembro chegarão ao país as primeiras 120.000 doses da vacina CoronaVac. Esse será o primeiro de cinco lotes. Até 30 de dezembro, 6 milhões de doses do imunizante compradas prontas para serem aplicadas assim que o antígeno for aprovado pela Anvisa, estarão no país. Também teve início a preparação da fábrica do Instituto Butantan que será responsável por produzir integralmente as vacinas. As obras começaram dia 2 de de novembro e a unidade deverá ser entregue em setembro de 2021. Quando estiver pronta, a planta terá uma capacidade de produção de 100 milhões de doses por ano.
Os recentes anúncios aumentam a perspectiva de termos duas ou três vacinas circulando no começo de 2021. A Pfizer e a BioNTech entrarão com o pedido de aprovação para uso emergencial da vacina na FDA ainda este mês, aumentando a chance de uma decisão regulatória em dezembro. Resultados da fase 3 dos imunizantes desenvolvidos pela Universidade Oxford em parceria com a Astrazeneca, da CoronaVac e da Moderna também são esperados para este ano.
Nesta segunda-feira, 9, o Brasil registrou uma média móvel de 17.260,9 novos casos e 339,3 óbitos por Covid-19. Estes números dizem respeito à média móvel semanal. O cálculo considera os dados dos últimos sete dias somados e divididos por sete. Deste modo é possível avaliar o avanço ou desaceleração da pandemia pois atenua-se os atrasos de notificações naturais aos finais de semana e feriados.