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Até 2050, AVC pode causar quase 10 milhões de mortes por ano

Estudo publicado na The Lancet Neurology recomenda ações urgentes para reverter esse cenário, que custará até US$ 2 trilhões anuais

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 out 2023, 17h20 - Publicado em 10 out 2023, 17h03

Segundo um novo estudo da Comissão da Revista Científica Lancet Neurology em parceria com a World Stroke Organization (WSO), o Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode causar quase 10 milhões de mortes por ano até 2050. A pesquisa, publicada nesta segunda-feira 9, na revista científica The Lancet Neurology, diz ainda, que esse cenário custará até US$ 2 trilhões por ano.

“O número de pessoas que sofrem um AVC, morrem ou permanecem incapacitadas pela doença em todo o mundo aumentou, quase duplicou nos últimos 30 anos. A doença, porém, é altamente evitável e tratável, desde que sejam implementadas as soluções indicadas nesse estudo, que têm uma base sólida de evidências, é ação capaz de levar a uma redução significativa dos casos de AVC”, diz a neurologista e pesquisadora Sheila Martins, presidente da WSO, único órgão global voltado exclusivamente para o AVC, e uma das principais autoras da pesquisa que será lançada no Congresso Mundial de AVC, entre 10 e 12 de outubro, em Toronto, no Canadá.

Para chegar às projeções, o levantamento reuniu 12 especialistas em AVC, de seis países de alta renda e seis de baixa e média renda, que utilizaram métodos de estudo da Carga Global de Doenças (Global Burden of Diseases). Segundo eles, até 2050, 91% das mortes por AVC ocorrerão em países de baixa e média renda, com gastos em tratamentos, reabilitação e custos indiretos do AVC chegando a US$ 2,3 bilhões.

“Uma das metas é reduzir as 41 milhões de mortes prematuras causadas por doenças não- transmissíveis, incluindo o AVC, em um terço até 2030. Alcançar esse objetivo exige US$ 140 milhões em novas despesas entre 2023 e 2030, no entanto, os benefícios financeiros com a redução dos casos e seus impactos superam esse valor”, pontua a médica sobre este que é um dos principais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da OMS (Organização Mundial de Saúde), mas que não será alcançado, se as tendências atuais não mudarem.

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Problemas e ações para soluções

De acordo com o estudo, a falta de consciência da população sobre o AVC e os seus fatores de risco, que incluem hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, obesidade, alimentação inadequada, sedentarismo e tabagismo, além de dados limitados de monitoramento desses fatores e de uma gestão efetiva de combate ao problema são as principais barreiras para a doença. “As organizações que atuam com o tema têm papel importante para auxiliar com estratégias que desenvolvam a capacidade para o amplo acesso à prevenção e aos cuidados e investigação do AVC”, diz Sheila, que também está à frente da Rede Brasil AVC, ONG criada em 2008 com a finalidade de melhorar a assistência, educação e pesquisa sobre o AVC no país.

Entre essas estratégias, elencadas no relatório, os pesquisadores ressaltaram algumas ações necessárias para o enfrentamento da doença tais como estabelecer sistemas de vigilância de baixo custo para fornecer dados epidemiológicos precisos sobre o AVC a fim de orientar a prevenção e o tratamento; aumentar a conscientização pública e melhorar o estilo de vida saudável ​​para prevenir o AVC por meio de informação de qualidade e utilização de vídeos e aplicativos de conscientização; e dar prioridade a um planeamento eficaz dos serviços de cuidados de AVC, que inclui capacitação e formação de profissionais de saúde, além do fornecimento de equipamento apropriado, tratamento e medicamentos acessíveis.

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O estudo também aponta a importância de adaptar recomendações baseadas em evidências aos contextos regionais para auxiliar nos cuidados de longo prazo do AVC e estabelecer ecossistemas locais, nacionais e regionais para a monitorização, prevenção e reabilitação que possam reduzir a carga global da doença.

“As lacunas nos serviços de AVC em todo o mundo são catastróficas. Precisamos de uma melhoria urgente agora, não daqui a 10 anos” afirma a neurologista. “A WSO está empenhada em apoiar e acelerar a implementação global destas recomendações, através de seu Grupo de Trabalho de Implementação, com especialistas em AVC, para enfatizar às autoridades as medidas de prevenção e cuidados, além de contribuir com programas educacionais”, diz.

Segundo a pesquisa, um dos entraves para a implementação de ações para o enfrentamento ao AVC é a falta de financiamento. Por isso, a WSO/Comissão da Lancet Neurology recomenda a introdução de regulamentos legislativos, além de impostos sobre produtos prejudiciais à saúde, ​​como sal, bebidas alcoólicas, produtos com gorduras trans, entre outros, a fim de reduzi o consumo e, consequentemente, o número de casos de AVC, que só neste ano, já matou mais de 82 mil pessoas no Brasil.

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E por meio do Global Stroke Alliance, reunião de implementação de grande impacto organizada pela WSO desde 2020, a médica disse que continuarão com as discussões em todo o mundo, facilitando a comunicação entre os especialistas em AVC e os responsáveis pela elaboração das políticas públicas. “Vamos dar apoio técnico aos governos para a elaboração de planos nacionais para o AVC e a inclusão dos cuidados da doença nos pacotes de cobertura universal de saúde”, conclui.

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