O Comitê Extraordinário de Monitoramento da Associação Médica Brasileira (AMB) emitiu nesta segunda-feira, 14, um boletim reforçando as orientações da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) para evitar que o Brasil tenha uma explosão de casos de Covid-19, diante da onda em andamento, relacionada com a nova sublinhagem BQ.1 da variante de preocupação ômicron. A entidade orientou que a população utilize máscaras em ambientes fechados e evite aglomerações, recomendação que deve ser seguida principalmente por idosos e imunossuprimidos. Além disso, destacou a importância de aumentar a cobertura vacinal no país.
O objetivo do alerta é evitar que o aumento de casos leve a hospitalizações, mortes e superlotação dos serviços de saúde públicos e privados. Assim como no documento assinado pelos infectologistas, a AMB cobrou a aquisição e oferta de doses para todas as crianças na faixa de 6 meses a menores de 5 anos. O Ministério da Saúde iniciou a distribuição de doses para esse grupo nesta quinta-feira, 10, mas apenas para crianças com comorbidades. Para a população com mais de 18 anos, a recomendação é manter o esquema com quatro doses atualizado.
As entidades defendem agilizar o processo de aprovação de vacinas bivalentes, caso dos imunizantes que protegem contra a cepa original e a variante ômicron do novo coronavírus, que estão em análise pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Também cobraram a oferta de medicamentos contra a doença.
“É essencial que medicações já aprovadas pela Anvisa para o tratamento e prevenção da Covid-19 estejam disponíveis para uso no setor público e privado, medida que ainda não se concretizou após mais de seis meses da licença para esses fármacos no Brasil”, diz o documento.
Segundo um levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), a positividade passou de 3,7% para 23,1%, na comparação entre a primeira semana de outubro e a primeira semana deste mês.
Nos últimos dias, a nova sublinhagem da ômicron foi detectada nos estados do Rio de Janeiro, Amazonas, Rio Grande do Sul e São Paulo, onde uma paciente de 72 anos diagnosticada com a BQ.1 morreu.
Retorno do uso de máscaras na USP
A Universidade de São Paulo (USP) vai retomar o uso obrigatório de máscaras em salas de aula, laboratórios, auditórios, bibliotecas e demais ambientes fechados a partir desta quarta-feira, 16.
A determinação veio da Comissão Assessora de Saúde da Reitoria, que recomendou ainda que “eventos festivos, confraternizações, coffee breaks ou qualquer outro evento similar que estimule os participantes a retirar a máscara para ingestão de alimentos e, consequentemente, aumente a possibilidade de transmissão do vírus” não devem ser realizados. A carteira de vacinação atualizada contra a Covid-19 continua sendo obrigatória para todos os profissionais e estudantes da instituição.
Nova sublinhagem da ômicron
Desde o início de outubro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou a observação de novas sublinhagens da variante de preocupação ômicron, responsável pelos casos de Covid-19 no mundo. A BQ.1 tem sido apontada como causadora de uma nova onda de infecções pelo novo coronavírus nos Estados Unidos e na Europa e já circula no Brasil.
A BQ.1 e suas sublinhagens, como a BQ.1.1, são descendentes da também sublinhagem BA.5 – todas pertencentes à variante ômicron. Elas são resultado de mutações no vírus que não chegam a causar grandes modificações no material genético, de modo que continuam parecidas com a linhagem (ou variante) das quais fazem parte. É por isso que, em relatório, a OMS informou que seu Grupo Consultivo Técnico sobre a Evolução do Vírus SARS-CoV-2 acredita que, neste momento, não é necessário designar novas variantes de interesse a partir dela.
Ainda não há dados sobre a gravidade e a capacidade de escapar da proteção das vacinas da sublinhagem BQ.1. Mesmo assim, a OMS alertou para o fato de que ela tem demonstrado “uma vantagem de crescimento significativa sobre outras sublinhagens ômicron circulantes em muitos locais, incluindo Europa e Estados Unidos”, e que “merece monitoramento rigoroso”. A entidade sugere que a possibilidade de reinfecção pelo novo coronavírus seja investigada.
No fim de outubro, a prevalência da nova sublinhagem era de 6% e ela tinha sido detectada em 65 países. Em atualização divulgada nesta quarta-feira, 9, a entidade divulgou que a BQ.1 passou de 9,4% para 13,4% em uma semana epidemiológica e há uma tendência de substituição global de sublinhagens até então dominantes, como outras descendentes da BA.5.