Anvisa aprova mudança visual nos maços de cigarro
A partir de janeiro de 2016, frase de advertência deve estampar a frente das embalagens
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Da Redação
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5 mar 2015, 19h27
Nova embalagem proposta pela Anvisa (VEJA.com/Divulgação/Divulgação)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta quinta-feira a frase de advertência que deverá ser estampada nos maços de cigarros a partir de janeiro de 2016: “Este produto causa câncer – pare de fumar”. Abaixo da frase deverá vir o símbolo do Disque Saúde, serviço que traz orientações para quem quer largar o cigarro. Os dizeres, escritos em branco num fundo preto, deverão ocupar 30% da face frontal da embalagem.
A proposta passará agora por uma consulta pública. As contribuições poderão ser feitas num prazo de dez dias, contados a partir da publicação do texto no Diário Oficial da União. A obrigação de fabricantes reservarem 30% do espaço frontal das embalagens para a frase de advertência foi determinada pela Lei 12.564/2011 e pelo Decreto 8.262/2014. Uma das ideias iniciais era a de que a Anvisa aproveitasse a oportunidade para alterar também as imagens de advertência, usadas na face posterior da embalagem.
Grupos antitabagistas consideram as imagens desatualizadas. Por estarem há muitos anos em exposição, avaliam, as advertências já não provocam o impacto. Essa discussão, no entanto, foi adiada, por não haver estudos técnicos sobre eventuais mudanças. Frases de advertência são consideradas cruciais por integrantes de entidades de controle do tabagismo. Estudos mostram que a estratégia de tornar embalagem do cigarro menos atrativa ajuda a evitar que jovens comecem a fumar.
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1. Desassociar o cigarro do prazer
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O fumante associa o cigarro a momentos de prazer, como a pausa no trabalho e a cerveja no bar com os amigos. Para quebrar esse padrão, a hora de fumar deve deixar de ser agradável. "A pessoa deve passar a fumar sozinha e, se possível, de maneira desconfortável, como em pé na área de serviço", sugere Jaqueline Issa, cardiologista diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração da USP (Incor). "Só assim ela vai realmente entender que é dependente, porque vai perceber que teve de levantar do sofá, onde estava sentada confortavelmente, para ir à área de serviço fumar."
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2. Parar gradualmente (grau de dependência alto)
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A nicotina estimula a produção de dopamina, um neurotransmissor associado à sensação de prazer. Por isso, um dos sintomas da abstinência é o mau humor. Diminuir gradativamente o fumo ajuda a minimizar o sofrimento. "A pessoa deve se planejar para abandonar o vício completamente em quatro semanas", diz Jaqueline Issa. A recomendação é reduzir o número de cigarros em 25 a 30% a cada sete dias. Se a pessoa está acostumada a fumar vinte cigarros por dia, deve diminuir para quinze na primeira semana, dez na segunda e cinco na terceira, até parar na quarta.
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3. Parar de uma só vez (graus de dependência leve e moderado)
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A interrupção abrupta é a mais utilizada por quem decide abandonar o vício por conta própria, sem acompanhamento médico. "A pessoa geralmente para de uma vez ao descobrir ter uma doença ou, se for mulher, estar grávida", diz Jaqueline Issa. Nesse método, a manifestação dos sintomas de abstinência costuma ser maior do que em quem larga o cigarro gradualmente. Por isso, as chances de sucesso da parada abrupta são maiores nos fumantes com nível de dependência leve ou moderado.
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4. Distrair-se
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A abstinência do cigarro se manifesta por meio do que os médicos chamam de fissura, episódios que duram de dois a três minutos em que parece ser impossível continuar sem fumar. "Nesse momento, é preciso se distrair: tomar água, chupar uma bala (manter a boca ocupada ajuda), dar uma volta e pensar que essa fissura só dura minutos", afirma Jaqueline Issa.
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5. Evitar álcool e cafeína
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Ingerir álcool desencadeia uma série de processos químicos que aumentam a vontade de fumar. "Se a pessoa sente desejo de fumar ao ver outros fumantes, é melhor evitar o álcool e as áreas abertas de bares e restaurantes, onde o cigarro é permitido”, diz Jaqueline Issa. O mesmo acontece com o café: durante o tratamento, é recomendável trocar a bebida pura pela versão com leite, e diminuir a quantidade. "Eu costumo sugerir, no máximo, quatro xícaras de café com leite por dia", diz Jaqueline.
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6. Exercitar-se
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A prática de atividade física, além de liberar os mesmos neurotransmissores associados à sensação de bem-estar que a nicotina, é associada a um estilo de vida saudável. "Nos momentos em que uma pessoa tem vontade de fumar, ela pode fazer uma caminhada, por exemplo, que vai se sentir melhor sem o cigarro. Claro que não é viável se exercitar o dia inteiro, mas manter uma frequência diária já ajuda", diz José Roberto Jardim, coordenador do Núcleo de Prevenção e Cessação do Tabagismo da Unifesp.
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7. Listar os motivos que justificam a decisão
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"Mais do que querer e ter força de vontade, encontrar uma razão para deixar de fumar é essencial", diz José Roberto Jardim. Essas razões podem incluir, por exemplo, evitar uma doença grave, poupar dinheiro ou dar exemplo para o filho. Listar os motivos mais significativos ajuda nos momentos em que resistir ao cigarro parece impossível. "A pessoa pode escrever essa lista, guardar em algum lugar e consultar quando quiser se lembrar do motivo de ter tomado aquela decisão", diz Jaqueline Issa.
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8. Contar com o apoio dos familiares e amigos
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Anunciar a decisão de parar de fumar para as pessoas próximas costuma ajudar. Primeiro, porque reforça o compromisso consigo próprio. Segundo, pelas palavras de incentivo. "Mas as pessoas devem estar preparadas para dar apoio. Se você sabe que elas vão desestimular a decisão, é melhor não contar", diz Jaqueline Issa. "Familiares e amigos devem entender que você estará passando por um momento difícil e que, por isso, talvez fique mal humorado ou desanimado."
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9. Fazer tratamento médico
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(Thinkstock/VEJA/VEJA) "Tabagismo não é um hábito, é uma doença, e precisa ser tratado como tal", diz a cardiologista Jaqueline Issa. Parar de fumar por conta própria pode ser difícil por causa dos sintomas ligados à abstinência da nicotina. O tratamento feito com medicamentos que atuam nos receptores de nicotina ou nos neurotransmissores estimulados pela substância, como a dopamina, ajuda a atenuar os sintomas. "Primeiro, tentamos o tratamento usando apenas um tipo de remédio. Se após duas ou três semanas a pessoa não melhorar e os sintomas persistirem, podemos combinar duas drogas, o que geralmente garante
bons resultados”, diz Jaqueline.
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10. Usar adesivos ou mascar gomas de nicotina
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Ao contrário dos tratamentos com remédios que atuam no cérebro, para fazer uso de adesivos ou gomas com nicotina não é necessário acompanhamento médico – basta seguir as instruções da bula. Esse tipo de produto oferece ao usuário uma pequena dose de nicotina, que ajuda a impedir as crises de abstinência. Os adesivos e gomas de nicotina só são recomendados para aqueles que fumam menos de vinte cigarros por dia: caso contrário, seria preciso usar uma quantidade muito grande do produto para surtir efeito, além do gasto financeiro também ser alto.
*Fontes: Jaqueline Issa, diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do Incor, e José Roberto Jardim, coordenador do Núcleo de Prevenção e Cessação do Tabagismo da Unifesp.
(Com Estadão Conteúdo)