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Aids ainda é subestimada pelos jovens

Ao assumir ser soropositivo, o ator americano Charlie Sheen levanta uma questão dramática: muitos jovens não se protegem do vírus HIV por subestimarem os sintomas drásticos da doença

Por Carolina Melo e Meire Kusumoto
17 nov 2015, 19h25

O ator Charlie Sheen, de 50 anos, confirmou ser portador do vírus HIV nesta terça-feira, em entrevista ao programa matinal Today, da rede americana NBC. “Eu admito que sou HIV positivo”, disse. “Tenho de colocar um fim aos ataques, meias verdades e histórias agressivas sobre mim e que afetam a saúde de muitos outros”.

O ex-astro da série Two and a Half Men, ídolo dos jovens, afirmou que recebeu o diagnóstico há cerca de quatro anos após ter dores de cabeça e mal estar. Disse também não saber exatamente como adquiriu o vírus. Na entrevista ao Today, porém, eliminou a possibilidade de ter se infectado com o vírus HIV por meio de seringas. O ator garantiu que avisou todos os parceiros sexuais sobre a doença e que dois deles, inclusive, aceitaram ter relações sem proteção. Ao programa, o médico de Sheen, Robert Huizenga, afirmou que o ator não tem aids pelo fato de ele possuir um nível “indetectável” do vírus HIV em seu sangue.

Charlie Scheen é um homem bonito. Um homem de sucesso. Tem aparência saudável. Longe, muito longe do perfil do portador do vírus HIV da década de 80. Lembre-se aqui de Cazuza. O cantor morreu magérrimo, com apenas 40 quilos, em decorrência da aids. A doença naquele tempo era uma sentença de morte. Hoje, graças aos eficazes tratamentos com remédios antirretrovirais, o doente vive muito e com uma vida praticamente normal. E aqui está o perigo. “Hoje, o jovem pode subestimar a doença justamente por não conviver com seus efeitos colaterais. O resultado é que ele deixa de se proteger”, diz o infectologista Artur Timerman, uma das maiores autoridades brasileiras no tratamento da aids

Antiretrovirais — Os medicamentos desenvolvidos nas últimas duas décadas mudaram a vida das pessoas infectadas. O primeiro antiretroviral surgiu em 1986 — o AZT. A partir de 1997, com o surgimento do coquetel antiaids, uma combinação de três medicamentos de classes diferentes que atuam em fases distintas da replicação do vírus, o quadro mudou radicalmente.

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Sexo sem proteção – A comprovação está nos números. De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde, houve um crescimento de 25% de casos da doença em jovens de 15 a 24 anos entre os anos de 2003 e 2012. Eles compõem um grupo de risco preocupante. Em muitos casos, trata-se de jovens que frequentam festas regadas a álcool e drogas e praticam sexo inseguro. Segundo uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), um terço dos rapazes e moças com essa faixa etária dispensa a proteção. O que ocorre é que essa geração não viveu o terror da década de 80 e provavelmente não conhece pessoas que morreram com a doença. Seus ídolos estão vivos.

Além disso, mesmo com os tratamentos disponíveis hoje, muitas pessoas não estão diagnosticadas, o que significa que elas podem adoecer e infectar outros. Diz Timerman: “A prevenção não é apenas fazer sexo seguro, mas ser diagnosticado precocemente para evitar que o vírus seja transmitido”. Estima-se que, no Brasil, haja 400 000 soropositivos ainda não diagnosticados.

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