Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A importante descoberta de brasileiros sobre remédio para diabetes tipo 2

Pesquisadores da Unicamp descobriram que a primeira e mais importante ação da metformina acontece no intestino delgado e grosso, e não no fígado

Por Agência FAPESP
Atualizado em 27 fev 2023, 10h38 - Publicado em 27 fev 2023, 10h26

Ao descrever o mecanismo de ação da metformina, o medicamento mais utilizado no tratamento do diabetes tipo 2, um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) demonstrou que a primeira e mais importante ação da droga acontece nos intestinos delgado e grosso e não no fígado, como até então acreditava a comunidade científica. Os resultados do estudo, apoiado pela FAPESP, foram publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

“Quando pensamos em condições fisiológicas, temos em mente o seguinte caminho: o indivíduo ingere uma carga de glicose [alimento], essa carga é absorvida pelas células do intestino, que liberam a glicose para o fígado e outros tecidos. Observamos que a metformina atua no caminho contrário. Ela retira a glicose da circulação sanguínea e a traz para a célula intestinal, onde será metabolizada”, explicou à Assessoria de Imprensa da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp a biomédica Natália Tobar, autora da tese de doutorado que deu origem ao artigo.

O docente da FCM-Unicamp Mario Saad, orientador da pesquisa, informou que a metformina é prescrita há mais de 60 anos no tratamento do diabetes tipo 2 e seu mecanismo de ação, descrito até então, era a redução da produção hepática de glicose. Ao observar que o uso da metformina proporcionava maior captação reversa de glicose no intestino dos pacientes, eles descobriram que a droga estimulava, nesse órgão, o reaparecimento da proteína transportadora de glicose conhecida como GLUT1.

“Durante o período fetal, o transportador GLUT1 age na retirada da glicose da circulação sanguínea do cordão umbilical para o intestino fetal, garantindo a sobrevivência do bebê, sendo desativado após o nascimento. Compreendemos, a partir daí, que a principal ação da metformina, com o reaparecimento desse transportador no intestino humano adulto, seria a de aumentar a captação de glicose nesse órgão. Em resumo: pensávamos, até então, que o fígado era o primeiro e principal órgão de atuação da droga. Mas agora compreendemos que seus efeitos acontecem em uma etapa anterior, no intestino”, disse Saad também à Assessoria de Imprensa da FCM-Unicamp.

O pesquisador comentou ainda que, além de desencadear o reaparecimento de GLUT1 no intestino dos pacientes, a metformina também ativa outro transportador de glicose, o GLUT2, regulando a atuação de ambos os transportadores, de acordo com os níveis de glicemia. “Se a glicemia do paciente está muito alta, quem age mais é o GLUT2. Do contrário, quem age é o GLUT1. Concluímos, assim, que ambos os transportadores atuam na redução da glicose na circulação sanguínea.”

Continua após a publicidade

O biólogo da FCM-Unicamp Guilherme Rocha, que atuou na realização de vários experimentos para o estudo, deu mais detalhes sobre o funcionamento da metformina no intestino humano. Ele contou à Assessoria de Imprensa da FCM-Unicamp que, uma vez retirada da circulação sanguínea, a glicose é metabolizada no intestino, transformando-se em lactato e acetato, que são transportados para o fígado, contribuindo para a redução da produção hepática da glicose.

“Esses metabólitos, produzidos no intestino, ajudam a regular a produção hepática de glicose. Se a glicemia for muito elevada, haverá grande captação e metabolização de glicose no intestino e os produtos da glicose chegam ao fígado e aí sim reduzem a produção hepática de glicose. Entretanto, se a glicemia for normal ou discretamente elevada, a captação e metabolização de glicose será apenas moderada, com menos produtos chegando ao fígado. Nessa situação não haverá redução da produção hepática de glicose. Assim, quem determina o efeito final da metformina é o intestino, que por meio de metabólitos conversa com o fígado e diz a esse órgão se ele deve ou não reduzir a produção de glicose”, explicou Rocha.

De acordo com Saad, os resultados divulgados no artigo da PNAS descrevem um mecanismo farmacológico inédito contra o diabetes, abrindo novas perspectivas para o tratamento da doença e reforçando a prescrição da metformina como medicamento de primeira escolha para esses casos.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.