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A felicidade pode chegar com a idade, diz pesquisa

Por The New York Times
1 jun 2010, 11h43

É inevitável. Os músculos enfraquecem. A visão e a audição diminuem. Ficamos enrugados e curvados. Não podemos correr, e por vezes andar, tão rápido quanto estávamos acostumados. Temos dores no corpo que nunca sentimos antes. Estamos ficando velhos.

Parece uma desgraça, mas não é. Uma pesquisa do Instituto Gallup nos Estados Unidos descobriu que as pessoas ficam felizes à medida que envelhecem – e os pesquisadores não sabem explicar por que. “Pode ser por causa de mudanças ambientais”, disse Arthur Stone, que liderou o estudo, “ou podem ser mudanças psicológicas sobre a maneira de ver o mundo, ou até mesmo biológicas – por exemplo, alterações endócrinas ou na química do cérebro”.

A pesquisa telefônica, levada a cabo em 2008, ouviu 340.000 pessoas entre 18 e 85 anos em todo o país. Perguntou sobre idade e sexo, o cotidiano, finanças pessoais, saúde e outros assuntos. A pesquisa investigou ainda o “bem-estar global” de cada um dos entrevistados, estipulando por meio de um ranking de satisfação com a vida numa escala de 1 a 10 – um tipo de avaliação que qualquer um pode fazer de vez em quando, ainda que não de maneira formal.

Finalmente, fizeram seis perguntas do tipo sim ou não. Quais foram seus sentimentos na maior parte do dia de ontem: satisfação, felicidade, estresse, preocupação, raiva, tristeza. As respostas, segundo os pesquisadores, buscavam o “bem-estar hedonista” – a experiência pessoal imediata de tais estados psicológicos, livre de memórias revisadas ou subjetivas, que perguntas sobre a satisfação com a vida em geral poderiam evocar.

Os resultados, publicados em 17 de maio no site da National Academy of Sciences, trazem boas notícias para as pessoas mais velhas, e para aqueles que estão envelhecendo. Como medida global, as pessoas chegam aos 18 anos se sentindo muito bem sobre si mesmas e então, aparentemente, a vida começa a desandar. Eles se sentem piores e piores até chegarem aos 50. Nesse ponto, há uma guinada brusca, e as pessoas começam a se sentir cada vez mais felizes à medida que envelhecem. Aos 85 anos, estão mais satisfeitos consigo mesmos do que aos 18.

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Quando se mede o bem-estar imediato (o estado emocional na véspera) os pesquisadores descobriram que o estresse diminui a partir dos 22 anos até atingir seu ponto mais baixo aos 85. Estados de preocupação são estáveis até os 50 anos, caem aos 73 e então sobem ligeiramente outra vez aos 85. Satisfação e felicidade têm curvas similares. Ambas diminuem gradualmente até se atingir os 50 anos, e sobem de novo pelos próximos 25 para cair muito ligeiramente até o final, mas elas nunca voltam ao ponto mais baixo, ao redor dos 50.

Alguns especialistas estão impressionados com o trabalho. Andrew Oswald, professor de psicologia na Warwick Business School, na Inglaterra, que publicou vários trabalhos sobre a felicidade, afirmou que a pesquisa é importante e alentadora. “É muito encorajador o fato que podemos esperar ser mais felizes ao chegar 80 anos do que aos 20”, disse ele. “E isso não é conduzido predominantemente por coisas que aconteceram na vida. Parece ser impulsionado por algo mais profundo, e humano.”

Arthur Stone, professor de psicologia na Universidade de Nova York, afirmou que a pesquisa levantou questões que precisam ser mais bem estudadas. “Esses resultados apontam para padrões distintos”, disse. “Vale a pena um esforço de investigação para compreender o que está acontecendo. Por que aos 50 anos acontece algo que parece impelir à mudança?”

O estudo não foi desenvolvido para averiguar que fatores tornam as pessoas mais felizes, e as perguntas da pesquisa sobre saúde não foram suficientemente específicas para tirar conclusões sobre o efeito de doenças ou incapacidade sobre a felicidade na velhice. Mas os pesquisadores se fixam em quatro possibilidades: o sexo do entrevistado, se a pessoa tem um companheiro, se há crianças na casa e a situação profissional. “São quatro candidatos razoáveis”, disse Stone, “mas eles não fazem muita diferença”. Para as pessoas com menos de 50 anos que por vezes se sentem tristes, há uma consolação. Se a vida anda tristonha, pense no lado positivo: você está ficando velho.

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