Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Um tapinha não dói

Premiado pelo estudo da economia comportamental, Richard Thaler mostrou que um empurrãozinho pode ajudar as pessoas a tomar decisões mais acertadas

Por Giuliano Guandalini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 out 2017, 06h01 - Publicado em 13 out 2017, 06h00

O Nobel de Economia não faz parte dos prêmios originais concebidos por Alfred Nobel em 1895. Mas, por iniciativa do Banco da Suécia, desde 1968 a distinção vem sendo concedida aos pesquisadores que fizeram avançar o conhecimento na ciência econômica. Tradicionalmente, os premiados se debruçaram sobre questões como o crescimento econômico, a desigualdade e o desenvolvimento social, o comércio internacional, a inflação. Uma novidade surgiu em 2002: o psicólogo israelense Daniel Kahneman foi o primeiro não economista a receber o prêmio. Era um reconhecimento pela Academia Sueca de que a compreensão da economia deveria avançar para novas fronteiras. Era um reconhecimento também de que o Homo economicus, o ser racional movido pelas opções mais lucrativas possíveis, não passava de uma ficção. Os mercados podem operar de maneira previsível em boa parte do tempo, mas seu funcionamento só pode ser compreendido levando-se em consideração uma boa dose de irracionalidade — afinal, as pessoas agem muitas vezes de maneira completamente inesperada.

Na semana passada, a Academia Sueca anunciou que o prêmio deste ano irá mais uma vez para um pesquisador da economia comportamental: o americano Richard Thaler, professor da Universidade de Chicago — curiosamente, a Santa Sé da ortodoxia e da teoria dos mercados racionais. Thaler foi um dos autores do best-seller Nudge — O Empurrão para a Escolha Certa (2008), escrito em parceria com Cass Sunstein. No livro, os economistas avaliam situações nas quais as pessoas não tomam as decisões necessariamente mais vantajosas para elas e para suas comunidades, por serem influenciadas por fatores como ideias preconcebidas ou o contexto. Por isso as pessoas deveriam ser incentivadas com um tapinha na direção correta, um empurrãozinho (nudge, em inglês), e assim seguir o rumo mais apropriado.

É o caso da doação de órgãos e da poupança para a aposentadoria, duas áreas nas quais Thaler colaborou no desenvolvimento de campanhas para incentivar a maior participação dos americanos.Estudos como esses influenciaram políticas públicas ao redor do mundo. “Fiz minha carreira roubando ideias de psicólogos”, afirmou Thaler. “A lição mais importante é que os agentes econômicos são humanos, e isso precisa ser incorporado aos modelos.” O economista Eugene Fama, também de Chicago e ganhador do Nobel de 2013 pela hipótese dos mercados eficientes, deu os parabéns ao colega, mas ressaltou que haverá muita discussão ainda sobre se os agentes econômicos são racionais ou irracionais. Provavelmente, ambos estão certos: são dois lados de uma mesma moeda.

Publicado em VEJA de 18 de outubro de 2017, edição nº 2552

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.