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“Represento não só a mulher negra, mas sim todas as brasileiras”

Miss Brasil 2017, a piauiense Monalysa Alcântara relembra os ataques racistas que sofreu nas redes sociais antes e depois de receber a faixa

Por Monalysa Alcântara
Atualizado em 17 nov 2017, 06h00 - Publicado em 17 nov 2017, 06h00
(//VEJA.com)

“Meu sonho sempre foi ser miss Brasil. O Brasil é um país diverso e não existe uma região ou cor de pele que o represente melhor que outra. Somos todos uma mistura de raças. Eu represento não só a mulher negra e nordestina, mas também todas as mulheres brasileiras que lutam para vencer as adversidades com um gingado irreverente e sorridente. Represento a resistência.

Nada se compara ao que vivi quando anunciaram que a faixa de miss Brasil 2017 seria minha. Não foi fácil essa vitória. Foi difícil ficar longe da família e dos amigos. E então recebi uma enxurrada de ataques racistas na internet — bem pesados e completamente gratuitos. A maioria não se conformava com um fato: eu havia derrotado uma candidata branca (a gaúcha Juliana Mueller). De todos os comentários odiosos, o mais replicado foi o que dizia que eu tenho ‘cara de empregadinha’.

Não foi a primeira vez que sofri racismo. Vivi outros episódios antes de receber a faixa de miss. Por ser mulher, negra e nordestina, passei por diversas situações de preconceito. Um episódio foi muito marcante. Quando comecei a trabalhar como modelo, fui participar de um casting para o desfile de uma marca de Teresina e a dona me disse que eu não poderia desfilar para ela. O motivo? Minha cor não combinava com as roupas de sua grife. Não valorizaria as peças dela. Foi horrível, eu me senti péssima. Mas esse caso me fez aprender a não levar essa negatividade para a minha vida. Pelo contrário. Essa triste fatalidade me deu forças para que eu quisesse ir cada vez mais longe, ir atrás dos meus sonhos e provar que posso chegar aonde eu quiser.

Lamento muito e fico assustada por saber que o racismo ainda existe de maneira tão forte em um país como o nosso, em que mais da metade da população é de origem negra. Mas estou preparada para lidar com essas situações. Elas provam que minha luta deve e merece ser conhecida.

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Eu realmente não me deixo contaminar com essa energia ruim, preconceituosa e mesquinha. Estou em um momento muito feliz da minha vida. Representarei o Brasil no Miss Universo no dia 26 de novembro. Sou otimista. Acredito que estão enxergando a mulher negra como sempre deveríamos ser vistas: uma mulher como qualquer outra, que tem sua beleza, sua personalidade e sua luta. Por muito tempo fomos marginalizadas e tidas como feias e solitárias, mas hoje isso está mudando. O racismo é crime, e eu estou aqui para lutar e erguer a voz contra ele.”

Depoimento a Bruno Meier

Publicado em VEJA de 22 de novembro de 2017, edição nº 2557

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