Como surgiu a ideia desse livro? Foi depois da entrevista célebre em que o Lula disse não gostar de ler. Na hora, veio à minha cabeça criar algo de que o ex-presidente gostasse. É fácil de ler. Dá para terminar em uma sentada. O livro é uma grande piada.
Qual o seu objetivo com a publicação da obra? Ganhar dinheiro, comprar um tríplex ou um sítio em Atibaia e ser feliz. Tudo lícito e limpo.
Por que o senhor usa pseudônimo e não quer se mostrar em foto? Não quero levar ovada na rua como o João Doria levou. O cenário político atual é tão extremista que fica difícil mostrar o rosto. Tenho medo de retaliações. Só amigos próximos e familiares sabem que escrevi. É o suficiente.
Como o senhor se define politicamente? Eu me considero um perdido. Para fazer um livro desses, precisa ser o mais agnóstico em relação a política. Agora está na moda mudar o nome dos partidos de siglas para palavras — tem o Solidariedade, o Podemos… Eu me arrisco a lançar o Perdidos. Sou mais humorista do que político. Não participo de movimentos nem levanto bandeiras. Se me chamarem para fazer um stand-up, eu vou. Participar do MBL, não.
Houve algum problema para pôr a obra nas livrarias? Senti que algumas livrarias tiveram medo da reação do público. Havia o receio de que petistas comprassem sem ver que é uma sátira e depois quisessem trocar o livro. Mas acho difícil uma pessoa não folhear antes de comprar. Lembra da frase “nunca julgue um livro pela capa”? Uma das minhas frustrações foi não conseguir vendê-lo por 13 reais. Imagina só, 13 Razões para Votar no PT por 13 reais?
Uma piada apenas sobre o PT, que saiu do poder há mais de um ano, não seria “seletiva”? Vale para todos os partidos, embora ainda vivamos os resquícios da herança deixada pelo PT. No próximo, devo fazer um livro em azul com o título 45 Razões para Votar no PSDB. O livro do PMDB entraria na série das 1001 razões…
O senhor planeja fazer, então, uma série? Sim. Fechei um contrato para mais livros (com a editora Matrix), e os próximos serão do PMDB, PSDB e DEM. Todos em branco.
Pensa em fazer um só com Michel Temer? Sim. Mas seria com palavras. De baixo calão. Tenho até o nome: O Poder da Mesóclise-lhe-ei.
Publicado em VEJA de 13 de setembro de 2017, edição nº 2547