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‘Nem avião desmancha’

Ariel Franco, ex-traficante paulistano, de 25 anos, conta como virou cabeleireiro na prisão e, mais tarde, inventou o corte da moda em toda periferia

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 4 jan 2019, 07h00 - Publicado em 4 jan 2019, 07h00

Por que o “blindado”, corte de sua autoria, faz tanto sucesso? O blindado é um penteado indestrutível. Ele foi inspirado no pompadour, corte usado pelo Elvis Presley, mas a técnica é totalmente minha. Meus clientes queriam que o corte tivesse um efeito mais duradouro e não desmanchasse no dia seguinte.

Por que isso importa tanto? Poxa, antes tinha cara que dormia sentado para não perder o penteado. Os motoboys tinham de usar o cabelo curto para que ele não se desarrumasse. O blindado revolucionou tudo.

Qual a razão de ser tão resistente? Você pode achar que o cabelo fica daquele jeito por causa de tintura ou de produtos químicos. Mas ele fica assim por causa da minha técnica de corte. A gente já deu marretada, colocou moto em cima da cabeça dos caras. E o penteado se manteve firme. Estou até pensando em usar um avião para mostrar que nada desfaz o blindado.

Como se tornou cabeleireiro? Quando eu tinha 19 anos, fui preso por tráfico de drogas. Um dia, deprimido com minha situação, fui aprender a cortar o cabelo dos colegas na prisão, só para passar o tempo. E descobri que tinha jeito para a profissão. Abri meu salão de barbeiro em 2014, logo que saí da cadeia.

Contrataria outras pessoas que passaram por situação semelhante? Olha, eu penso em expandir a minha rede de lojas. Precisarei de funcionários que sejam honestos, de bom caráter e que estejam dispostos a trabalhar. Qualquer um que atenda a essas exigências — ex-presidiário ou não — será bem-vindo.

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Como surgiu a ideia de divulgar seus cortes no YouTube? Quando entrei na área da barbearia, um amigo sugeriu que eu usasse uma estratégia de divulgação na internet. Daí achei que vídeos funcionariam mais que fotos. Deu certo: só o primeiro teve mais de 100 000 visualizações.

Qual o motivo de levar os dedos aos lábios e fazer sinal de silêncio no fim de cada vídeo? É uma resposta às pessoas que não acreditaram que um ex-detento poderia crescer na vida. Em vez de usar palavras, respondo com silêncio e trabalho.

Já idealizou um sucessor do blindado? Criei um novo corte, mas não vou falar sobre isso agora. Quero deixar o povo curioso. Também devo expandir meu trabalho para outras áreas. Estou até negociando com uma emissora de TV a participação em um programa de humor.

Publicado em VEJA de 9 de janeiro de 2019, edição nº 2616

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