Memória: Erick Morillo, Wolfgang Uhlmann e Joe Ruby
O DJ, o jogador de xadrez e o pai do Scooby-Doo
Em meados dos anos 1990, só mesmo quem era ruim da cabeça ou doente do pé não dançou ao som da batida tecno de um sucesso incontornável, I Like to Move It, que depois faria parte da trilha sonora do desenho Madagascar, de 2005. O DJ Erick Morillo, criador do hit, americano de origem colombiana, levava a vida mais ruidosa que suas canções. Em agosto ele foi detido, acusado de estupro por uma mulher. Morillo sempre negou as acusações, mas testes de DNA com fios de cabelo encontrados no quarto do músico em Miami, cena do suposto crime, alimentaram as suspeitas. Tinha 49 anos. Foi encontrado morto dentro de casa, em 31 de agosto. Até quarta-feira 2, a morte não tinha sido esclarecida — a polícia descartara a hipótese de assassinato.
O XADREZ DA GUERRA FRIA
Houve um tempo, nos anos 1960 e 1970, em que jogadores de xadrez dos países que orbitavam em redor da União Soviética eram considerados heróis — e, mais do que isso, serviam como instrumentos na guerra ideológica contra os Estados Unidos. Um dos mais celebrados foi o alemão-oriental Wolfgang Uhlmann, que durante mais de uma década esteve entre os trinta melhores mestres internacionais, e cujas vitórias eram a senha para festas populares em Berlim. Contra o americano Bobby Fischer, uma lenda incontornável, fez oito partidas — ganhou uma e perdeu três. Houve quatro empates. Uhlmann jogou uma vez (e venceu) com o prodígio brasileiro Mequinho. Morreu aos 85 anos, em decorrência de complicações de tuberculose, em Dresden, em 24 de agosto.
DOOBY DOOBY DOO
Parecia improvável que as crianças gostassem daquele grupo de quatro adolescentes com jeitão de detetives associados a um dogue alemão cujo nome foi inspirado no cantarolar de Frank Sinatra em Strangers in The Night — “dooby dooby doo”. Mas Scooby-Doo deu certo, está há cinquenta anos no ar, gerou franquias em profusão e muito dinheiro para sua produtora, a Hanna-Barbera. O divertido grupo foi uma criação do americano Joe Ruby. “Meu avô nunca parou de escrever e criar, mesmo com a idade”, disse Benjamin Ruby. Joe tinha 87 anos. Morreu em Westlake Village, na Califórnia, em 26 de agosto.
Publicado em VEJA de 9 de setembro de 2020, edição nº 2703