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Meio bilhão

As investigações mostram que, somando-se tudo, Lula e o PT podem ter recebido até 500 milhões de reais em propinas e caixa dois

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jan 2018, 16h21 - Publicado em 25 jan 2018, 06h00
(Hélvio Romero/Estadão conteúdo; Sérgio Lima/Folha Imagem; Lucio Bernardo Jr/ Ag. Câmara; Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo)

Em uma biografia autorizada publicada em 2002, Lula relatou detalhes do seu passado de pobreza. Em Pernambuco, na infância, só se alimentava de feijão e farinha. As privações continuaram em São Paulo, para onde se mudou. O poder alterou radicalmente a situação financeira dele e de sua família. Desde que Lula assumiu a Presidência, seu patrimônio multiplicou-se 27 vezes e os filhos enriqueceram. O ex-presidente é hoje milionário, dono de um patrimônio declarado de 11,7 milhões de reais, conforme a lista de bens entregue à Justiça por ele mesmo. O Ministério Público e a Polícia Federal, porém, já encontraram evidências de que sua fortuna é muito maior.

Segundo a Lava-Jato, Lula omitiu da lista, além do tríplex do Guarujá, outros bens: um terreno em São Paulo, um apartamento em São Bernardo do Campo, um sítio em Atibaia e alguns milhões de reais que lhe foram repassados em espécie ou por meio de reformas em imóveis e palestras no exterior. As investigações revelaram que o ex-­presidente recebeu 33,8 milhões de reais da Odebrecht, 7,8 milhões de reais da OAS e 15,9 milhões de reais de outras empreiteiras. Incluída a propina repassada para o caixa dois do PT, o valor destinado pelas empresas ao ex-­presidente chega a 370 milhões. Os pagamentos estão descritos em vários inquéritos, em depoimento de delatores e na denúncia do chamado “quadrilhão do PT”, processo que tramita no Supremo Tribunal Federal, no qual Lula é acusado de ser “idealizador” da organização criminosa.

Oficialmente, o patrimônio de Lula começou a crescer em 2010. Entre 2011 e 2015, o ex-presidente recebeu 27 milhões de reais por ministrar 72 palestras. Entre os clientes estavam as construtoras Odebrecht, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, UTC, Andrade Gutierrez e OAS — todas envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras. O empreiteiro Léo Pinheiro, acionista da OAS, informou aos procuradores que as palestras eram, na verdade, uma forma de pagar a Lula pelos serviços que ele prestava.

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A família do ex-presidente também está sob o escrutínio da Justiça. Fábio Luís Lula da Silva, o filho mais velho, foi o primeiro a chamar a atenção das autoridades. Em 2004, ainda durante o primeiro mandato do pai, Fábio, um ex-monitor de jardim zoológico, com salário de 600 reais, criou uma empresa, a Gamecorp. Um ano depois, a companhia recebeu investimento de 5,2 milhões de reais da Telemar, a atual operadora Oi, que tinha a construtora Andrade Gutierrez entre seus acionistas. Esse aporte, nunca muito bem explicado, foi investigado pela Polícia Federal, e o inquérito acabou arquivado. Havia a suspeita de que se tratava de tráfico de influência. A Lava-­Jato descobriu que grandes companhias tinham investido 105 milhões de reais na Gamecorp e na G4, outra empresa do filho.

Luís Cláudio Lula da Silva, o filho mais novo, era auxiliar de preparador físico do Palmeiras. Em 2011, assim que o pai deixou a Presidência, ele criou duas firmas. O sucesso veio na sequência. As empresas receberam mais de 4 milhões de reais. O Ministério Público acusa Lula e o filho de embolsarem o dinheiro para interferir em decisões administrativas no governo de Dilma Rousseff.
O dinheiro da corrupção também bateu em um sobrinho de Lula, Taiguara Rodrigues, e em um irmão do ex-presidente, José Ferreira da Silva, o Frei Chico. Taiguara, até 2009, ganhava a vida como vidraceiro, morava em um apartamento de um quarto e tinha um carro velho. Como Fábio e Luís Cláudio, abriu empresas e prosperou. A pedido de Lula, Taiguara recebeu 20 milhões de reais da Odebrecht, supostamente para participar da construção de uma hidrelétrica em Angola. Frei Chico recebeu uma mesada da mesma empreiteira por catorze anos. Nas planilhas da Odebrecht, o codinome de Frei Chico era “Metralha”.

Publicado em VEJA de 31 de janeiro de 2018, edição nº 2567

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