Enquanto caminha e pratica exercícios nas areias da Praia de São Conrado, na Zona Sul do Rio de Janeiro, a carioca Luiza D’Angelo é só mais uma no meio da multidão. Sua casa — um apartamento de um quarto que ainda passa por retoques finais antes da mudança definitiva — não difere da de qualquer morador dos arredores. No entanto, no mundo paralelo das redes sociais, Luiza se transforma: 262 000 pessoas acompanham avidamente o dia a dia da jovem de 28 anos por meio de suas postagens no Instagram. Luiza não é especialmente linda, nem especialmente rica, nem especialmente brilhante. Mas uma coisa ela faz muito, muito bem: sabe cativar seguidores mostrando as cenas de uma vida que nem tem tanto glamour assim — e responde a cada comentário que recebe. O alcance das fotos e stories (pequenos vídeos de dez segundos que desaparecem depois de 24 horas), somado ao contato pessoal, faz de Luiza uma digital influencer, ou influenciadora digital, uma ocupação ambicionada, ou admirada, por dez entre dez internautas convictos.
A função do influenciador digital é exatamente o que o nome indica: influenciar quem o acompanha nas redes sociais a seguir suas recomendações de produtos — e ganhar dinheiro com isso. As maiores estrelas do universo influenciador surgiram meio por acaso e demoraram a lucrar com seu poder de persuasão, como a modelo paulista Maju Trindade (5,1 milhões de seguidores no Instagram) e a musa fitness Gabriela Pugliesi (3,8 milhões). O fenômeno não é novo, mas, nos últimos cinco anos, expandiu-se com a potência de um big bang. Percebendo o potencial de mercado, candidatos amontoam perfis nas redes sociais para expor sua vida privada, na esperança de amealhar um número razoável de seguidores e tornar-se influenciadores digitais.