Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Espectro eleitoral

Petistas pedem autorização para gravar programas do “candidato” na cadeia

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Marcelo Rocha Atualizado em 8 jun 2018, 06h00 - Publicado em 8 jun 2018, 06h00

O ex-presidente Lula criou um novo modelo de prisão no Brasil — ao menos para ele. Num país em que presidiários se amontoam em celas superlotadas, o petista é hóspede, há dois meses, em uma sala-cela preparada sob medida. O espaço de 15 metros quadrados, improvisado na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, tem cama, mesa, televisão de plasma, chuveiro com água quente (o que é considerado uma regalia no sistema carcerário nacional) e até uma esteira ergométrica para o petista manter a forma física. Faltou um frigobar, que Lula chegou a pedir, mas a Justiça achou que aí já era demais. A negativa não impediu novos pleitos fora de qualquer padrão penitenciário. A defesa do petista solicitou, na última segunda-feira 4, autorização para transformar a cela em um estúdio: quer que, de lá, ele possa gravar vídeos para a sua “campanha eleitoral”.

Lula foi condenado a doze anos e um mês por corrupção e lavagem de dinheiro, está inelegível pela Lei da Ficha Limpa e responde a outras seis ações penais. Na quinta-feira 7, o site de VEJA revelou por que a Justiça manteve o bloqueio de bens do ex-­presidente, alvo de uma investigação fiscal. Ele recebia doações para seu instituto, que era isento de pagamento de impostos, e usava o dinheiro em benefício próprio — viagens particulares, eventos políticos e locação de aviões e carros. A Receita Federal aplicou uma multa de 15 milhões de reais ao ex-presidente, que ainda pode responder a um processo criminal por sonegação. Mesmo assim, o PT pretende continuar invocando o espectro do seu maior líder.

Depondo por videoconferência como testemunha do ex-governador Sérgio Cabral, o petista apareceu pela primeira vez desde que foi preso. De terno e gravata, fez piada e convidou o juiz Marcelo Bretas para participar de um de seus comícios. A “candidatura presidencial de Lula” é mais um ato da encenação que começou desde que o PT e o ex-presidente foram ceifados pela Operação Lava-Jato. O senador Lindbergh Farias, líder do partido no Senado, recentemente verbalizou o plano: “Temos de esticar a permanência de Lula ao máximo”. No cenário considerado natural pelos petistas, trabalha-se com o veto definitivo da Justiça somente em setembro, quando um plano B seria apresentado pela legenda. Até lá, Lula, que é líder nas pesquisas e, para alguns, ainda um poderoso cabo eleitoral, potencializaria a campanha de deputados, senadores e governadores e ajudaria a evitar uma reprise do fracasso do partido nas eleições municipais de 2016.

Enquanto o PT planeja a campanha imaginária de Lula, o restante da esquerda já traça um plano de sobrevivência sem ele. Esse primeiro movimento foi dado por Manuela D’Ávila, pré-candidata pelo PCdoB, que avalia a possibilidade de abandonar a disputa para apoiar o pedetista Ciro Gomes. O gesto foi explicado por Cid Gomes, irmão do presidenciável e um de seus principais articuladores: “Nós temos absoluta convicção de que o PT terá um candidato à Presidência. Mas todo mundo sabe, inclusive o PT, que não será o Lula”. Também como parte da encenação, o PT lançou na última quarta-feira a plataforma de arrecadação de doações à campanha do ex-presidente. O slogan é “Ajude o Brasil a ser feliz de novo”. De início, pouco mais de 900 voluntários toparam participar da empreitada.

Publicado em VEJA de 13 de junho de 2018, edição nº 2586

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.