Como ditaduras passadas são vistas por outros líderes sul-americanos
O presidente uruguaio Tabaré Vásquez destituiu militares do seu governo suspeitos de acobertar os responsáveis pela morte de um guerrilheiro de esquerda
– Sebastián Piñera, do Chile
Depois da visita de Jair Bolsonaro, em março, o presidente chileno buscou distanciar-se dos elogios que seu colega brasileiro fez ao regime de força de Augusto Pinochet (na foto acima). Em um artigo publicado no ano passado, ele afirmou que nada justifica as violações dos direitos humanos pela ditadura, mas ponderou que a democracia chilena, já debilitada, não teve “morte súbita” em 1973.
– Tabaré Vázquez, do Uruguai
Na segunda-feira 1º, o presidente uruguaio destituiu seu ministro da Defesa e membros de um tribunal militar, suspeitos de acobertar os responsáveis pelo assassinato de um guerrilheiro de esquerda. Vázquez teve familiares presos durante a ditadura militar, que vigorou de 1973 a 1985.
– Mauricio Macri, da Argentina
Recentemente, o presidente argentino anunciou uma cooperação com os Estados Unidos para revelar documentos sobre a ditadura militar instaurada em 1976. Em 2016, ele foi criticado por definir o regime como uma “guerra suja”, sugerindo simetria entre os crimes do Estado e as ações da guerrilha de esquerda.
– Mario Abdo Benítez, do Paraguai
O chefe do Executivo do Paraguai não conduziu nenhuma celebração oficial pelos trinta anos da queda do ditador Alfredo Stroessner, em fevereiro — silêncio que causou estranhamento. O pai dele foi secretário pessoal de Stroessner.
– Evo Morales, da Bolívia
O presidente boliviano incentiva a punição de crimes da ditadura que tomou seu país de 1964 a 1982. Mas suas convicções democráticas são duvidosas: está há treze anos no poder, por força de alterações na Constituição.
Publicado em VEJA de 10 de abril de 2019, edição nº 2629