Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Carta ao Leitor: Sinais que vêm de Roma

À parte o simbolismo religioso, as canonizações têm um propósito bastante terreno: reforçar as bases da Igreja Católica entre seus fiéis

Por Da Redação Atualizado em 11 out 2019, 09h44 - Publicado em 11 out 2019, 06h00

Poucas cerimônias são tão solenes quanto a missa de canonização de um santo católico. O papa preside os ritos diante de uma multidão de milhares de devotos do mais novo membro do panteão da fé. Em júbilo, a audiência costuma expor sinais vívidos de alegria e comoção, paroxismo idealizado especificamente para celebrar a conexão entre o humano e o divino. Os santos e as santas, para a Igreja, são homens e mulheres que alcançaram um status de caridade, bondade e dedicação religiosa único, que lhes dá a capacidade de encaminhar a Deus as súplicas de seus semelhantes e distribuir as ações de graça advindas do Todo-Poderoso — em vida ou depois de mortos.

Neste domingo, 13, a Praça de São Pedro, no Vaticano, será palco de um desses momentos: a cerimônia de admissão da baiana Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, a irmã Dulce, nesse círculo rarefeito da Santa Sé. Com o título de Santa Dulce dos Pobres, a religiosa, que nasceu e morreu em Salvador, passa a fazer companhia a Santo Antônio de Sant’Ana Galvão, ou São Frei Galvão, brasileiro canonizado em 2007 pelo papa Bento XVI, como os dois bem-­aventurados pela fé nascidos em solo brasileiro.

À parte o simbolismo religioso, as canonizações tinham um propósito bastante terreno: reforçar as bases da religião entre seus fiéis, oferecendo-lhes exemplos de abnegação e virtude a ser seguidos e idolatrados. Com pouco mais de 120 milhões de fiéis, o Brasil ainda é o maior país católico do mundo. Mas trata-se de um rebanho com ovelhas cada vez mais arredias. Em 1980, ano em que João Paulo II tornou-se o primeiro papa a pisar — e beijar — o solo nacional, o contingente apostólico romano perfazia quase 90% da população. Quando frei Galvão virou santo, apenas 64% brasileiros seguiam a doutrina do Vaticano.

Em meio a um episódio e outro, o catolicismo se debateu entre o expurgo da Teologia da Libertação, o domínio dos conservadores e a ascensão dos carismáticos. Também testemunhou a impressionante expansão dos evangélicos — de 6,6% da população, em 1980, para 22%, em 2010. O IBGE calcula que nesse período a Igreja Católica perdeu mais de 1,7 mi­lhão de seguidores, uma sangria que não dá sinas de estancar como prova a crescente influência dos neopentecostais na política e na sociedade. O papa Francisco, argentino de vertente liberal e progressista, conhece de perto os percalços da fé no Brasil e sabe que é preciso agir. Um recurso que possui é a canonização de brasileiros — a fila de candidatos é grande e já conta com quarenta nomes. São as peculiaridades desse processo complexo e fascinante, com regras que remontam a mais de 400 anos, que VEJA revela nesta edição.

Publicado em VEJA de 16 de outubro de 2019, edição nº 2656

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.