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Carta ao Leitor: A doença da desinformação

Pânico causado por surto de febre amarela no país pode dar a impressão de que o sistema de vacinação está sendo desmontado. Felizmente, não é verdade

Por Da Redação Atualizado em 31 jan 2018, 16h00 - Publicado em 25 jan 2018, 06h00

O Brasil já foi referência mundial em matéria de vacinação pública — pela sua dimensão e pela sua eficiência. Em 1973, o país erradicou a varíola, moléstia que, no auge, chegou a matar 2 800 brasileiros por ano. Em 1994, acabou com os casos de poliomielite, que vitimava até 23 500 pessoas a cada década. Diante das duas conquistas brasileiras, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pôs o Brasil nas alturas, como um exemplo global em campanhas de imunização em massa. O SUS, o sistema de saúde universal tão criticado, é uma pérola nacional quando funciona bem.

Essa trajetória vitoriosa do Brasil é filha dileta de um trabalho extraordinário, que teve origem, no início do século XX, com o sanitarista Oswaldo Cruz. A convite do presidente Rodrigues Alves, Oswaldo Cruz passou a atuar na imunização contra a varíola. A tarefa acabou resultando na Revolta da Vacina, que, em novembro de 1904, transformou o Rio de Janeiro em palco de uma conflagração entre soldados do Exército e populares que, mal informados sobre os benefícios da vacina, reagiam contra a obrigação de se imunizar. Apesar do caos, começou ali o sucesso brasileiro no combate a epidemias.

O sistema que se tornou exemplo no mundo teve seus maus momentos. Em 1974, a ditadura militar proibiu, por meio da censura à imprensa, que se noticiasse o surto de meningite. Em 1986 e no início dos anos 2000, ocorreu uma explosão nos casos de dengue, sem que o governo reagisse com a velocidade adequada.

Agora, sob um clima de pânico causado pelo surto de febre amarela nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia, pode-se ter a impressão de que o sistema de vacinação, que antes funcionou bem, está sendo desmontado. Felizmente, não é verdade. Não há sinal de epidemia. As imensas filas formadas diante das clínicas particulares e dos postos de saúde são sintoma de uma outra doença contra a qual, esta sim, o Brasil tem tido dificuldade de se vacinar: a inépcia dos governos para disseminar informações corretas e evitar, assim, que a população sucumba a temores infundados.

Publicado em VEJA de 31 de janeiro de 2018, edição nº 2567

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