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Carta ao Leitor: A agenda invisível

Se de fato forem implementadas, as discretas mudanças propostas pela equipe de Paulo Guedes vão provocar uma notável revolução do Estado brasileiro

Por Da Redação Atualizado em 13 dez 2019, 10h06 - Publicado em 13 dez 2019, 06h00

Grandes transformações levam tempo, enfrentam diversos obstáculos pelo caminho — em geral, a pressão daqueles que perderão os privilégios durante o processo — e exigem profunda determinação de quem as conduz. Isso vale para pessoas, empresas e, em uma escala gigantesca, para um país. Mudar as bases sobre as quais uma nação está construída é o mais complexo desafio que um administrador pode ter. Tome-se como exemplo o caso brasileiro. Depois de quase catorze anos de gestão petista, calcada no terraplanismo econômico dos campeões nacionais e do “Estado pode tudo”, as contas públicas entraram em colapso e a máquina governamental ficou ainda mais inchada e ineficiente. Resultado: “nunca antes na história deste país” — para usar justamente o bordão do líder maior do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — houve recessão de tal modo expressiva. De forma corajosa, o breve governo de Michel Temer começou a atacar o problema. Mas suas aventuras, por assim dizer, antes do mandato e certas conversas impróprias no escurinho do Palácio da Alvorada acabaram abortando a recuperação. Veio a eleição de Jair Bolsonaro e as fichas de uma retomada foram colocadas no seu apelidado Posto Ipiranga, o ministro Paulo Guedes, da Economia.

Não foi uma aposta em vão. Em meio a tantas turbulências desnecessárias provocadas pelo Planalto — e, na desastrada menção ao AI-5, pelo próprio Guedes —, muitas vezes é difícil enxergar os avanços que estão ocorrendo no Brasil de hoje. Alguns são visíveis e começarão a surtir efeito nos próximos anos, a exemplo da reforma da Previdência, aprovada pelo Congresso em outubro. No entanto, sem alarde, existem vários outros projetos em andamento que deixarão o governo mais eficiente e poderão ajudar no crescimento do país. Muitos são ajustes infraconstitucionais, que precisam apenas da competência da equipe econômica para que passem a vigorar. Entre alguns deles, a reportagem que se inicia na página 56 detalha o plano de digitalização da administração federal. De acordo com Paulo Guedes, cerca de um terço dos funcionários públicos federais está a caminho da aposentadoria nos próximos quatro anos. Com a ajuda da tecnologia, a ideia é não substituí-los.

Se de fato forem implementadas, essas discretas mudanças vão provocar uma notável revolução do Estado brasileiro. Quando Ronald Reagan chegou à Presidência dos Estados Unidos, na década de 80, a nação enfrentava um momento semelhante ao nosso. Além do alto preço nos combustíveis, o quadro combinava estagnação econômica com taxas de desemprego preocupantes. Na Casa Branca, Reagan assumiu um compromisso: destravar o potencial de crescimento do país. Seu primeiro ato foi tirar o controle estatal sobre os preços dos combustíveis. Em um ano, o preço da gasolina caiu pela metade. Em seguida, o presidente americano iniciou uma reforma fiscal e administrativa que reduziu os gastos públicos até então crescentes. Deu certo. No último ano de governo, os EUA tiveram uma expansão no PIB de 4,2%, contra uma queda de 0,2% no ano anterior à posse do republicano. Na ocasião, o conjunto de medidas ficou conhecido como Reaganomics. Espera-se que, mesmo com a oposição das corporações e dos desvarios de Bolsonaro e de seus ministros olavistas, Guedes consiga impulsionar a sua agenda de transformação. O Brasil e os brasileiros podem ganhar muito com isso.

Publicado em VEJA de 18 de dezembro de 2019, edição nº 2665

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