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As crianças e as tecnologias

Relacionar-se no mundo virtual é bem diferente de conviver na vida real

Por Rosely Sayão
Atualizado em 23 fev 2018, 06h00 - Publicado em 23 fev 2018, 06h00

As crianças e os adolescentes estão vivendo boa parte de seu tempo no mundo virtual, principalmente por meio de seus aparelhos celulares. O Unicef, em seu relatório divulgado em dezembro de 2017 que trata do acesso de crianças e jovens à tecnologia digital — em especial à internet —, usou a expressão “cultura do quarto” para indicar um dos efeitos desse fenômeno. Os mais novos têm preferido o isolamento do espaço privado ao uso do espaço público para se dedicarem à imersão nas redes. Vamos a um exemplo.

Uma garota que completou 9 anos pediu à mãe para comemorar a data com algumas amigas da escola na conhecida “festa do pijama”. A mãe gostou muito da ideia e preparou a casa para receber seis amigas da filha. Muito criativa, ela montou várias brincadeiras para as meninas se divertirem e, para sua surpresa, em 15 minutos o quarto estava absolutamente silencioso. Ao chegar lá, testemunhou uma cena “bizarra”, segundo ela mesma. Todas estavam com o celular. A filha, que não tem o aparelho, estava sentada no chão, brincando sozinha.

Para reverter a situação, ela pediu às garotas os aparelhos e disse que os guardaria para que elas pudessem brincar. Não deu certo: logo depois duas pediram o celular para chamar os pais para voltar para casa, porque “a festa estava muito chata”, e as outras imploravam pelo aparelho para que pudessem mostrar a outros colegas a festa da qual participavam. Resumo da ópera: a festa gorou, para tristeza da mãe e da filha.

Você certamente já viu agrupamentos de adolescentes que interagiam mais com seu celular do que uns com os outros, não é? Pois bem: esse comportamento gera consequências, sendo que algumas delas não colaboram para o bom desenvolvimento dos mais novos. Como eles aprendem a se relacionar, por exemplo? Relacionando-se com seus pares! Acontece que o relacionamento no mundo vir­tual é radicalmente diferente daquele que ocorre na vida real, o que nos faz levantar a hipótese de que eles têm se desenvolvido com déficit no processo de socialização.

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E como se aprende a ter — e a proteger — privacidade? Primeiramente, sabendo a diferença entre intimidade e convívio social. Explorar o mundo virtual simultaneamente ao real cria uma grande dificuldade nessa diferenciação. Não é à toa que tantas crianças e jovens já tiveram sua privacidade exposta na rede, com grande prejuízo pessoal!

O acesso às tecnologias digitais pelos mais novos é irreversível, e por isso precisamos desenvolver e praticar alguns cuidados de proteção. Tutelar de perto o que as crianças fazem na rede é absolutamente necessário! Com os adolescentes, entretanto, essa tutela deve ser realizada com mais discrição. Mas os filhos precisam saber antecipadamente que os pais farão isso porque só o fato de saberem que serão tutelados já os auxilia no autocui­da­do. Também é possível retardar ao máximo para as crianças a posse de um aparelho celular: elas podem usar o dos pais enquanto não têm o seu, não é? E isso faz uma grande diferença no modo como elas se iniciam na exploração do mundo virtual.

Publicado em VEJA de 28 de fevereiro de 2018, edição nº 2571

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