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A diva primordial

Aretha Louise Franklin cresceu em ambiente musical e imersa na música gospel das igrejas

Por Da Redação Atualizado em 17 ago 2018, 07h00 - Publicado em 17 ago 2018, 07h00

Quando Aretha Franklin gravou Respect, em 1967, a canção era razoavelmente conhecida na voz de Otis Redding. Mas Aretha não apenas deu a ela o primeiro lugar na parada de sucessos dos Estados Unidos como transformou seu significado. O que na versão de Red­ding era o lamento de um marido que não se sentia respeitado pela mulher se tornou, desde então, um hino feminista, depois também adotado pela luta por direitos civis dos negros. Aretha Louise Franklin nunca se contentou em somente interpretar uma música: ela se apropriou de tudo o que cantou. Nascida em Memphis, em 1942, era filha do reverendo Clarence LaVaughn Franklin, um amigo de Martin Luther King que recebia em casa visitantes ilustres como Duke Ellington e Ella Fitzgerald. Aretha cresceu nesse ambiente musical e imersa na música gospel das igrejas. A Columbia, companhia que a contratou em 1960, quis transformá-la numa diva do jazz e do blues, mas não era essa a sua praia. O sucesso veio sete anos depois, na Atlantic, gravadora que consolidou Aretha como a principal voz feminina da música negra.

Foram seis décadas de carreira, mais de vinte primeiros lugares na parada americana e clássicos como I Never Loved a Man (The Way I Love You), (You Make Me Feel Like) A Na­tural Woman e Chain of Fools. Seu estilo, a riqueza dos trinados e melismas, moldou gerações de divas do soul como Whitney Houston, Mariah Carey e Mary J. Blige. A carreira da grande cantora perdeu vigor no decorrer da década de 70, mas só no ano passado, já debilitada pelo câncer de pâncreas, ela se aposentou oficialmente. Sua vida foi atribulada, com pelo menos um marido violento. Ela teve quatro filhos. Morreu em casa, em Detroit, cercada de parentes e de amigos como Stevie Wonder, em decorrência do câncer, na quinta-feira 16, aos 76 anos.


Um homem sem pátria

Ficção e ensaios – Naipaul: crítica ácida a colonizadores e nativos (Chris Ison/PA Images/Getty Images)

“Odeie a opressão, tema os oprimidos”, diz um personagem de Os Mímicos. A frase resume a crítica sem concessões que V.S. Naipaul fazia a países do que se chamava de Terceiro Mundo: ele não demonstrava nostalgia pelos colonizadores europeus, tampouco isentava a cultura nativa de suas mazelas políticas e sociais. Na ficção ou no ensaio, Naipaul manteve, em prosa elegante e econômica, a verve ácida, fosse para falar da África (Uma Curva no Rio), dos países islâmicos (Entre os Fiéis) ou de Trinidad (Uma Casa para o Sr. Biswas), a ilha caribenha onde nasceu. Neto de um indiano pobre que trabalhou na colheita de cana em Trinidad, Vidiadhar Surajprasad Naipaul foi estudar em Oxford nos anos 50 e se estabeleceu na Inglaterra. Era um homem sem pátria, que cultivava a condição de exilado. Sua descrição vitriólica das antigas sociedades coloniais irritou intelectuais como o caribenho Derek Walcott, o nigeriano Chinua Achebe e o palestino Edward Said, mas ele não se abalava. Casado duas vezes, sem filhos, foi um homem de trato difícil, às vezes violento: admitiu ter batido em uma amante. Esse sujeito cheio de arestas também era reconhecido como um gigante da literatura de língua inglesa. Ganhou o Nobel em 2001. Morreu em sua casa, em Londres, aos 85 anos, no sábado 11, de causas não divulgadas.

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Publicado em VEJA de 22 de agosto de 2018, edição nº 2596

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