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Xerifes de Temer e Dilma se alfinetam na Câmara

Após 'disputa' por Waldir Maranhão, aliado do peemedebista e defensor da petista trocam provocações: 'Vossa excelência é um boquirroto, não acredita nem no que diz'

Por Da Redação 10 Maio 2016, 22h21

Dois dos principais articuladores de votos no impeachment, os deputados Silvio Costa (PTdoB-PE), mais estridente defensor da presidente Dilma Rousseff, e Heráclito Fortes (PSB-PI), aliado do vice-presidente Michel Temer (PMDB), trocaram alfinetadas na tribuna da Câmara nesta terça-feira. Os parlamentares nordestinos circulavam como xerifes no baixo clero no plenário e faziam a contabilidade de votos nos três dias de debates e votação do impeachment na Câmara. Agora, enquanto um tenta minar a credibilidade de Temer, o outro colhe apoios ao peemedebista.

Vice-líder do governo Dilma, Silvio Costa bradou contra o provável governo interino do vice-presidente e lamentou que Dilma tenha que “descer a rampa do Palácio do Planalto” depois da votação no Senado nesta quarta-feira. Segundo pernambucano, o governo Temer nasce “natimorto” e com a marca da indecisão por causa das reviravoltas na montagem do primeiro escalão ministerial e da indefinição quanto ao tamanho da Esplanada. “Michel Temer está conseguindo ser mais indeciso que o Waldir Maranhão”, ironizou, em referência à reviravolta do presidente interino da Câmara, que anulou a sessão do impeachment e depois voltou atrás com receio de ser expulso do PP maranhense, perder o mandato e o foro privilegiado. “O governo Michel não está conseguindo pagar a conta que fez para patrocinar o golpe nessa Casa.”

O que mais incomodou Heráclito Fortes, porém, foi a afirmação de que era freguês da “mercearia de Michel Temer”. Silvio Costa disse que o peemedebista montou uma “confraria do golpe” e que “o Palácio do Jaburu virou uma mercearia aberta 24 horas por dia”. “O deputado Heráclito Fortes é um dos que visita essa mercearia quase todo dia”, debochou. Ele insinuou que os ministeriáveis do PMDB Moreira Franco, Romero Jucá, Geddel Vieira Lima e Eliseu Padilha foram os “comerciantes de voto” no impeachment e agora são os “balconistas” do governo interino. “Esses balconistas vão dar jeito no futuro do país? Alguém acredita? Desde que surgiu o MDB, exceto na ditatura, eles sempre foram governo”, provocou. “Vou fazer oposição para que o governo dele não dê certo.”

O clima entre Heráclito Fortes e Silvio Costa azedou no fim de semana. O governista atravessou um encontro entre Temer e o presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), intermediado pelo deputado piauiense durante um almoço em sua casa na sexta-feira. Heráclito Fortes telefonou para Temer e colocou Maranhão na linha – ele disse “conte comigo” a Temer e agendou uma audiência no Palácio do Jaburu na noite de domingo. Mas furou e foi jantar no apartamento de Silvio Costa com o governador Flávio Dino (PCdoB) e o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo (PT). Costa diz que marcou o encontro na sexta-feira à tarde e que buscou se aproximar de Maranhão quando soube que os partidos de oposição – PSDB, DEM, PSB e PPS – decidiram pregar novas eleições com o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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‘Quitandeiro’ e ‘Mãe Dináh’ – Irritado, Heráclito Fortes se exaltou na tribuna. Afirmou que Silvio Costa agiu como “quitandeiro” de Dilma nas negociatas de cargos e “não acertou nenhuma previsão” ao longo do impeachment. Ele comparou Costa a uma “edição moderna da Mãe Dináh, a senhora das previsões erradas”. “Comemorem porque tudo que a Mãe Dináh diz dá ao contrário”, disse o oposicionista. “Foi o quitandeiro do governo no impeachment. Vossa excelência como quitandeiro saía daqui esbaforido, fumando, levando aqueles que pensava que tinha catequizado para o Palácio do Planalto. Frustrou-se nas suas caminhadas. Conseguiu, por exemplo, a nomeação para a Codevasf [Companhia Desenvolvimento Vale São Francisco] do sobrinho dessa extraordinária figura, embora fraca, que é o Maranhão. Foi vossa figura quem corretou. Portanto não tem autoridade para falar de Michel Temer.”

Heráclito Fortes acusou Costa de ser manipulado pelo governo Dilma e de estar preocupado com a redução de ministérios prevista por Temer porque poderá “perder boquinhas” – cargos comissionados indicados por ele em órgãos federais em Pernambuco. “Meu caro Silvio Costa, vossa excelência tem uma vantagem, é um boquirroto, não acredita nem no que diz. Só foi visto pelo governo quanto ele estava perdido. Vivia na periferia desse plenário, nos cantos resmungando. Quando o governo desgastou-se, aí lhe usaram e estão usando até agora, até aquele lamentável encontro de domingo na sua casa, que depois de uma cachaçada, segundo a imprensa, o homem da AGU fez o nosso vice-presidente assinar esse famigerado documento, que 24 horas depois se arrependeu.”

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