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Último a sair: os primeiros dias de Sérgio Cabral fora da prisão

O ex-governador do Rio, derradeiro condenado da Lava-Jato na cadeia, ganha o direito a prisão domiciliar com tornozeleira

Por Maiá Menezes, Duda Monteiro de Barros Atualizado em 23 dez 2022, 10h41 - Publicado em 23 dez 2022, 06h00

Quando os portões do presídio de Bangu 8 se abriram, às 21h10 de segunda-feira 19, para a passagem do carro que levava o ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho, 59 anos, para casa, cravou-se o ponto-final na Lava-Jato, a megaoperação policial que abalou as estruturas do país e pôs na cadeia figurões da política e do meio empresarial, enrolados em uma teia de corrupção. Preso há seis anos, Cabral era o último condenado ainda atrás das grades. Como não teve seus recursos julgados, encontrava-se em situação de prisão preventiva, para a qual todos os prazos haviam se excedido. Levado o pedido de soltura ao Supremo Tribunal Federal, o voto decisivo de Gilmar Mendes o liberou para cumprir pena em prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica.

De Bangu ele foi conduzido para um flat de 80 metros quadrados — dez vezes mais que sua cela — entre o Arpoador e Copacabana, na Zona Sul carioca, com vista para o mar. “Ficará por um tempo lá”, diz Suzana Cabral, sua primeira ex-mulher e dona do apartamento, que está decorado para as festas — na primeira foto depois de solto, aparece em frente a uma árvore de Natal, abraçado ao filho Marco Antônio Cabral, que compartilhou o momento em rede social. Os moradores e frequentadores dos bares e lojas para surfistas e skatistas nas redondezas se mostram desconfortáveis com o novo vizinho. “Ele chegou de noite porque sabia que não seria bem recebido”, disse a VEJA o porteiro do prédio ao lado. “Ouvi de alguns clientes que, se o virem por aqui, vão jogar ovo”, relata uma funcionária do restaurante em frente. Segundo Daniel Bialski, advogado de Cabral, ele deve voltar a morar no luxuoso apartamento de 400 metros quadrados no Leblon, onde vivia antes de ser condenado, em janeiro, quando vence o contrato de aluguel do imóvel.

Cabral se tornou personagem central da operação anticorrupção, que levou para a cadeia cerca de 300 pessoas, entre elas o presidente eleito Lula — os dois, aliás, se davam muito bem. Denunciado em 35 processos e condenado em 23, acumulou pena de 425 anos de prisão. Agora em casa, terá de cumprir sete mandamentos: não sair sem autorização, usar tornozeleira em tempo integral, só receber visita de parentes até o terceiro grau, advogados e profissionais de saúde, não dar festas, não alterar o endereço sem prévia autorização, comparecer a juízo sempre que intimado e, caso enfrente nova ordem de prisão, apresentar-se por conta própria à polícia.

Impedido de contatar outros envolvidos na Lava-Jato, Cabral pode, no entanto, falar com a segunda mulher, Adriana Ancelmo, com quem tem filhos, embora estejam separados — ela passou por Bangu e pela prisão domiciliar antes de ser solta. O ex-governador está com os bens bloqueados e a defesa pretende recorrer. Ao longo dos 2 223 dias preso, seu partido, o MDB (então PMDB), que dominava o estado do Rio de Janeiro, desmoronou e perdeu relevância. O ex-governador não vê espaço para retornar à vida pública e, segundo pessoas de seu círculo próximo, cultiva o projeto de se tornar consultor de empresas e de políticos. Certo mesmo, por enquanto, é que vai passar o Natal com filhos e netos. Depois, só o tempo dirá.

Publicado em VEJA de 28 de dezembro de 2022, edição nº 2821

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