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Três filhos de Bolsonaro: o profissional, o conservador e o espontâneo

Com mandatos parlamentares e visibilidade nacional, Flávio, Carlos e Eduardo desempenharão funções na campanha de acordo com seus perfis e área de atuação

Por Daniel Pereira Atualizado em 26 fev 2022, 20h28 - Publicado em 26 fev 2022, 19h54

Uma reportagem da nova edição de VEJA detalha o papel que cada um dos três filhos mais velhos de Jair Bolsonaro desempenhará na campanha à reeleição do presidente da República. O senador Flávio Bolsonaro, o Zero Um, o vereador Carlos Bolsonaro, o Zero Dois, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o Zero Três, cuidarão de assuntos diversos, da costura de acordos partidários à busca dos votos dos conservadores, passando pela organização das militância digital. A repartição das tarefas foi feita de acordo com o perfil e a área de atuação de cada um deles.

Considerado o mais gabaritado para a negociação política, Flávio é considerado o “profissional” da prole e desempenha o papel de coordenador da campanha. Sua prioridade é articular a formação de uma coligação partidária que reúna os três maiores partidos do Centrão, a fim de garantir ao pai tempo na propaganda de rádio e televisão e recursos dos fundos eleitoral e partidário comparáveis aos que devem ser reservados à aliança que apoiará o ex-presidente Lula, que hoje lidera as pesquisas de intenção de voto. Até agora, está encaminhada a parceria entre PL, partido de Bolsonaro, e PP, legenda do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. Falta consolidar a adesão do Republicanos.

Ligado à Igreja Universal do Reino de Deus e, portanto, influente entre os eleitores evangélicos, o Republicanos reclama estar sendo preterido por Bolsonaro, que estaria orientado seus aliados, sobretudo aqueles que são campeões de votos, a se filiar a PL e PP. O Republicanos cobra isonomia e também quer receber reforços, o que é fundamental para eleger uma grande bancada na Câmara nas eleições de outubro. Caberá a Flávio, que intermediou a adesão do Centrão ao governo, desatar esse nó. Ele também foi incumbido, entre outras coisas, de encontrar nomes que possam exercer a função de marqueteiro da campanha do pai.

O marqueteiro, que ainda não foi escolhido, cuidará da propaganda na TV. Nas redes sociais, o leme continuará com Carlos Bolsonaro, a quem o presidente credita boa parte da responsabilidade por sua vitória em 2018. O próprio Flávio diz que a função do irmão é garantir a espontaneidade de Bolsonaro no universo digital, qualidade que até hoje funciona como um grande trunfo para ele. Em plataformas diversas, o vereador tem se mostrado bastante atuante e, com o estilo e a forma que lhe caracterizam, ataca adversários, de Lula a Sergio Moro, e protesta de forma veemente contra a supressão de mensagens e contas de bolsonaristas, além da possibilidade de suspensão no Brasil do Telegram, plataforma adotado pelos aliados do presidente.

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Um exemplo da espontaneidade de Carlos: “O único e exclusivo objetivo do pau mandado do sem testosterona e seus asseclas é tentar tirar de Jair Bolsonaro e beneficiar o maior ladrão da história do país! Seu ego e sua sanha ultrapassam os limites da defesa de seu país e isso está cada dia mais escancarado”. A mensagem não cita o nome do alvo do ataque, mas dá pistas. Depois de tentar desgastar Sergio Moro acusando o ex-juiz de traição, os bolsonaristas passaram a chamá-lo de vaidoso e responsabilizá-lo pela soltura de Lula, como fez o próprio Flávio publicamente.

Na divisão de tarefas familiares, cabe a Eduardo Bolsonaro a busca pelo voto conservador. O Zero Três assumiu recentemente um cargo de direção na Frente Parlamentar Evangélica, que reúne cerca de 180 deputados federais, tornou-se o mestre de cerimônias no Brasil dos eventos da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), que reúne expoentes do conservadorismo mundial, como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, e é um ardoroso defensor do armamento. Em seus discursos, ele costuma dizer que nenhum cristão pode ser socialista, que a esquerda usa os homossexuais como massa de manobra para destruir a família brasileira e que o armamento da população resultou na queda do número de homicídios, tese contestada por especialistas em segurança pública. 

Uma mensagem publicada numa rede social, após um vereador do PT invadir uma igreja em Curitiba, resume bem o rosário de Eduardo: “Não existe cristão comunista/socialista. De um lado, quem luta pelas famílias e pela fé em Deus. De outro, comunistas ateus que louvam a causa e defendem a destruição da fé cristã. Quem você escolhe? Se você quer ter liberdade de culto e fé, já sabe de que lado está”.

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Com carreiras construídas sob a asa do pai, Flávio, Carlos e Eduardo têm hoje grande visibilidade nacional. Para os adversários de Jair Bolsonaro, eles representam também um flanco para desgastar a imagem do presidente. O Zero Um e o Zero Dois são investigados pela prática de rachadinha. Carlos e Eduardo tiveram de depor como testemunhas no inquérito que investiga o financiamento de atos antidemocráticos. E há ainda Jair Renan, o Zero Quatro, que não tem mandato parlamentar. Ele entrou na mira do MP depois de ganhar um carro de presente de empresários que, a pedido dele, foram recebidos no Ministério do Desenvolvimento Regional.

 

 

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